Coluna Cena Política

O roteiro para a queda de Paulo Guedes sendo construído

Presidente adia envio da reforma Administrativa mais uma vez. Texto está pronto desde novembro, mas Bolsonaro tem medo de perder popularidade. Guedes, que não tem nada com isso, deu prazo.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 05/03/2020 às 9:40 | Atualizado em 05/03/2020 às 12:33

Por Igor Maciel, da coluna Cena Política

O Presidente Jair Bolsonaro adiou de novo o envio da reforma Administrativa ao Congresso Nacional. Mais uma vez, alegou à equipe econômica que não é o melhor momento.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, chegou a dizer que o Brasil tem 15 semanas para fazer as reformas, ou esquecer 2020. Não deve estar feliz. Não é fácil para alguém que está pouco se importando com a eleição, trabalhar com alguém que só pensa em 2022. Pior ainda, alguém que lhe prometeu, no início do trabalho, que não tentaria a reeleição e que ia fazer as tais reformas que o Brasil precisa, mesmo que lhe inviabilizasse politicamente.

O problema do poder não é sua forma, mas o conteúdo. Olhando de fora parece ser fácil resistir. Ao acessá-lo, torna-se oxigênio, impossível de largar. Bolsonaro começou a respirar esse ar junto com sua equipe formada por filhos, amigos dos filhos e outros companheiros de churrasco.

Paulo Guedes querer que ele arrisque isso em benefício de uma agenda econômica, internamente soa como piada, para depois gerar desconfianças: "ele quer nos derrubar?". Não é o melhor momento para Bolsonaro e os amigos de churrasco, porque vai gerar críticas de funcionários públicos e sindicatos ligados ao bolsonarismo, representantes de carreiras na máquina pública que o apoiam. Pra que deixar "o pessoal" chateado agora? Ainda mais às vésperas de uma manifestação em apoio ao presidente?

Michel Temer (MDB) tem vários "talentos" passíveis de prisão, mas sua passagem pela presidência provou, ao menos, que um presidente alijado de sua condição eleitoral futura consegue realizar muito mais. Basta dizer que o emedebista chegou a ter reprovação de 82% e, mesmo assim, terminou o mandato com resultados melhores na economia do que Bolsonaro teve até agora.

E se nada mudar, eis o roteiro: a economia não cresce, Guedes se demite, Bolsonaro finge que demitiu Guedes pelo mau resultado, provavelmente chamando ele de comunista porque descobriu que ele posou para uma foto com um amigo de um amigo de um amigo que namorou com uma petista nos anos 80. E fim.

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