Manifestantes que pedem impeachment e não querem impeachment, ajudando Lula e Bolsonaro a atrapalhar
Bolsonaro anima sua bolha contra os inimigos que querem implantar uma "ditadura comunista". É uma maluquice? Sim, é. Mas quando a esquerda vai às ruas, legitima esse discurso. E pior, como não consegue mobilizar muita gente, ainda passa a ideia de enfraquecimento.
Os protestos contra Bolsonaro, levados às ruas ontem, têm dois aspectos que mais ajudam o atual presidente do que atrapalham. Primeiro, porque acontecem num momento em que não há qualquer ínfima possibilidade de que um impeachment ocorra.
É bem parecido com a atitude do sujeito que precisa mostrar-se corajoso contra um valentão, daí espera ele não estar olhando para poder desafiá-lo.
Internamente, Lula (PT) tem defendido que é melhor deixar Bolsonaro sangrando até a eleição. Publicamente, já disse que não adianta falar em impeachment do presidente.
- PSB e PCdoB encaminham fusão entre partidos. Socialistas se tornariam a quinta maior força na Câmara
- O PSB oferece casa, comida e capilaridade eleitoral a Luciano Huck para campanha de 2022. Falta ele querer
- PROS deverá comandar o Procon do Recife. Cargos do 2º escalão começam a ser definidos na prefeitura
- Paulo Guedes chegou ao máximo de constrangimento ou ainda aguenta? Bolsonaro vai seguir testando
A primeira impressão, ao ver militantes tão corajosos nas ruas, é que antes de saírem de casa eles procuraram ter certeza de que não seriam atendidos no que iam pedir.
Aliás, há muito disso na esquerda brasileira, desde quase sempre. Primeiro eles têm certeza de que não vão conseguir o que reclamam, para poder garantir a continuidade da reclamação.
O segundo aspecto é que os protestos funcionam como um reforço do discurso do adversário. E, ou os organizadores dessas manifestações nunca entenderam isso, ou fingem que não entendem.
Bolsonaro anima sua bolha contra os inimigos da esquerda que querem implantar uma "ditadura comunista". É uma maluquice? Sim, é. Mas quando a esquerda vai às ruas, legitima esse discurso e reforça a "preocupação" dos bolsonaristas.
Já foi dito aqui na coluna que o sonho de Bolsonaro é ser candidato contra Lula, para poder confirmar o discurso de luta contra a "ditadura comunista" e vencer.
E o sonho de Lula é ser, ele próprio ou Haddad (PT), candidato contra Bolsonaro em um 2º turno, para poder continuar como o principal reclamante do Brasil e fortalecer o PT no processo.
Queriam protestar contra algo que, realmente, atrapalha o Brasil? Poderiam ter falado da interferência na Petrobras. Mas os sindicatos que participaram das manifestações adoraram a demissão que trouxe prejuízo bilionário à companhia. Lula e Bolsonaro concordam em muito mais coisas do que discordam.
Nenhum dos dois está interessado em ajudar o País.
Os militantes, nas ruas, até estão, em sua maioria.
Mas vão ajudando a atrapalhar.