Emocionado

Sentimento de Patriota, presidente da Amupe, é reflexo da tensão que prefeitos estão vivendo em PE

Representante dos municípios no estado interrompeu a entrevista que dava à Rádio Jornal, emocionado, ao falar sobre ocupação dos leitos de UTI nas cidades. Diz estar recebendo ligações de secretários chorando e apela para "cristandade" das pessoas.

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Igor Maciel

Publicado em 18/03/2021 às 11:26 | Atualizado em 18/03/2021 às 11:27
Análise
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Os prefeitos pernambucanos estão tensos com a situação a que se chegou na pandemia que completou um ano. O representante dos municípios falou à Rádio Jornal, nesta quinta-feira (18) e se emocionou.

A conversa era sobre a distribuição de vacinas no estado, mas terminou com José Patriota, presidente da Associação Municipalista de Pernambuco, precisando interromper a fala para segurar o choro. Disse que está recebendo ligações diárias de secretários de Saúde e gestores de hospitais, muitos chorando, desesperados com a lotação.

"Eu até tô jogando um pouco duro, pra ver se as pessoas têm mais cristandade, se deixam de amar os troços, os bens materiais e amam mais as pessoas. E quem reclama mais são os endinheirados. Não é aquele que não tem um quilo de fubá pra botar no fogo. Todo mundo perde, o poder público perde, porque deixa de arrecadar. Ninguém ganha. Mas, a gente nasce nu e morre nu. Nós estamos com uma fila de gente esperando na UTI, ameaça de faltar insumos. Ontem, dois diretores de hospitais ligaram pra mim chorando, secretários chorando. A rede privada também enche logo, daqui pra domingo. A raça humana precisa se dar as mãos", desabafou.

Pernambuco já tem fila de espera por UTIs. Na quarta-feira (17) a lotação chegou a 97%. Mas, essa é uma média do estado. Há locais em que já se chegou em 100%.

Há um ano, a Itália registrava 700 mortes por dia e nós, aqui no Brasil, nos assustávamos.

Esta semana o Brasil chegou a registrar quase 3,2 mil mortes, em 24h, por covid-19.

E ainda é preciso apelar para a cristandade das pessoas, pra que elas entendam que quando o número de mortes aumenta, aumenta também a probabilidade de alguém da sua própria família ser vítima.

No Recife, há relatos sobre lojas de tecidos que colocaram uma prateleira vendendo comida para tentar ficar aberta com as restrições, como se vendesse produtos essenciais para a vida. Loja, inclusive, que costuma gerar muita aglomeração.

É vergonhoso, terrivelmente vergonhoso que se ignorem as mortes diárias ou que se tente relativizar a tragédia para tentar continuar lucrando de alguma forma.

Em 2010, quando chuvas destruíram a Mata Sul de Pernambuco, ironicamente, o maior problema para a população, de imediato, foi a falta de água potável. Não havia como matar a sede das pessoas com água limpa. E um homem foi preso porque levou um caminhão de água mineral para vender na região, com cada garrafinha, de 500 ml, por R$ 10,00.

Quando a intenção é lucrar na tragédia alheia, o princípio é o mesmo. Faltam caráter e consciência.

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