Cena Política

Solidariedade de ministro da Saúde em pandemia é garantir o necessário. Fazer fotos e dar tapinha nas costas são atos dispensáveis

Os ministros da Saúde e do Turismo, junto com deputados e vereadores da região, teriam simulado a entrega de concentradores de oxigênio, fazendo fotos com equipamentos que não foram enviados pelo governo Federal.

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Igor Maciel

Publicado em 01/06/2021 às 10:18 | Atualizado em 01/06/2021 às 10:52
Análise
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No fim de semana, num momento em que se teme a possibilidade de uma nova cepa ter se originado no Agreste de Pernambuco, os ministros Gilson Machado Neto (Turismo) e Marcelo Queiroga (Saúde) resolveram fazer uma visita à região.

A informação foi distribuída para os blogs locais e sua "exclusividade" disputada. Era uma informação importante, porque não se imagina que dois ministros se deslocariam de suas bases, com uma comitiva, para visitar uma localidade em crise sem trazer alguma solução prática.

>>>MP quer que empresas de oxigênio digam volume que podem disponibilizar para o Agreste de Pernambuco nos próximos 60 dias

Questão é que, o próprio ministro da Saúde, em entrevista a uma emissora local, admitiu que estava ali sem nada de prático, apenas para "levar solidariedade".

A maior solidariedade que alguém pode prestar ao sedento é um copo com água. Tapinha nas costas e pose para fotos, o que se deu, serve para nada.

O Agreste sofre com a possibilidade de falta de oxigênio, por exemplo. O máximo a que se chegou na visita foi à promessa de envio de cilindros, "no futuro".

Os dois, junto com deputados, secretários e vereadores da região, chegaram a simular a entrega de concentradores de oxigênio, fazendo fotos com os equipamentos. Na terça-feira (1º), após a repercussão negativa, o prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, onde a foto foi realizada, disse que não houve má fé e não foi simulação.

O detalhe é que os concentradores haviam sido enviados pelo governo do Estado, dias antes. Não eram do governo Federal e, muito menos, foram levados pelos ministros.

Fotos, foram feitas muitas. Conversas, foram muitas. Resultado, nenhum.

O roteiro, ao longo de várias cidades, teria servido muito mais para tentar mostrar uma influência do ministro do Turismo, que é pernambucano, do que para resolver algo. Gilson Machado é apontado como possível candidato de Bolsonaro para o governo do Estado ou para o senado.

A promessa de envio de concentradores de oxigênio foi feita, sem prazo. As pessoas precisam para ontem.

Ajuda se, no próximo voo ministerial, vier o que importa para quem está internado. Solidariedade, sem nada de prático, pode ser enviada por telefone. E ainda se economiza para gastar com a crise.

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