Cena Política

Missionário R.R. Soares e as conexões políticas com Bolsonaro: filho deputado e perdão de dívida milionária

Religioso que vendia "água milagrosa" contra a covid-19 e, agora, está intubado, tem fortes vínculos com o meio político, apoiou Bolsonaro desde 2018 e foi beneficiado financeiramente pelo presidente com perdão de dívida milionária.

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Igor Maciel

Publicado em 07/06/2021 às 9:57 | Atualizado em 07/06/2021 às 10:14
Análise
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Romildo Soares, também conhecido como R.R. Soares, é o fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus, no Rio de Janeiro.

Hoje intubado, após contrair covid-19, o missionário começou essa pandemia prometendo curar a doença com uma “água consagrada” vendida, claro, por ele próprio.

Não é diferente de outros pretensos líderes religiosos nesse período. Cada um já tentou ganhar dinheiro de alguma maneira fraudulenta. Recentemente, um foi acusado de vender feijões milagrosos que curavam a covid.

Mas, R.R. Soares tem vínculos políticos bem mais fortes com o bolsonarismo, e por isso tem chamado tanta atenção nas redes sociais.

O vínculo dele, aliás, é direto e familiar. Um de seus filhos, Marcos Soares (DEM-RJ), é deputado federal e chegou a ser cotado para assumir a secretaria de Cultura em 2019.

Na época, o filho do missionário era o preferido do então ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB-RS), ao qual a pasta era ligada. Mas, quando Terra deixou o ministério, Bolsonaro acabou escolhendo Roberto Alvim, aquele que foi demitido posteriormente por gravar um vídeo emulando nazistas.

O filho de R.R. Soares, no entanto, nunca saiu da base bolsonarista. Seguiu com outro objetivo: conseguir para o pai um perdão de dívida milionário com o governo Federal.

A igreja ligada ao deputado, que foi o autor da emenda, possuía débitos inscritos na dívida ativa da União de R$ 162 milhões, de acordo com dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

A dívida foi perdoada numa manobra do presidente. Para não ser acusado de prejudicar as contas do país perdoando dívidas que, juntando todas as igrejas, chegavam a casa dos bilhões, Bolsonaro vetou e, em seguida, fez campanha para que os deputados aliados derrubassem seu próprio veto.

O perdão foi visto como um “pagamento” pelo apoio que o missionário havia dado a Bolsonaro em 2018.

Em vídeos que gravava nas redes sociais em apoio ao então candidato Bolsonaro, o R.R. Soares pedia votos e dizia coisas como: “examinei os dois projetos e achei o do Bolsonaro o melhor, principalmente, por causa da ideologia de gênero. Estão tentando convencer que meninos podem ser meninas e que meninas podem ser meninos. Isso é uma loucura”, dizia, em vídeo, citando uma proposta inexistente no programa do PT à época.

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