Cena Política

Geraldo Julio pode não ser o candidato do PSB ao governo em 2022. Aliados se queixam e querem nome alternativo

Já faz algum tempo que integrantes de partidos aliados e até do próprio PSB sopram nomes de outros possíveis candidatos nos bastidores, tentando minar o ex-prefeito do Recife, que estaria ficando isolado.

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Igor Maciel

Publicado em 09/06/2021 às 11:57 | Atualizado em 09/06/2021 às 12:07
Análise
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Está cada vez mais difícil sustentar a ideia de que Geraldo Julio (PSB) será o candidato socialista ao governo de Pernambuco em 2022. E a maior parte da culpa é dele próprio.

O ex-prefeito do Recife construiu uma relação difícil com aliados, tratou partidos parceiros com autoridade, chateou vereadores que eram obrigados a votar pautas sem discussão e nunca teve muito diálogo com a bancada federal ou estadual.

Em determinado período, colocou-se como uma espécie de "sucessor" de Eduardo Campos na condução do partido e isso piorou a situação.

É verdade que o PSB ficou sem rumo e sem uma figura de liderança após o acidente de 2014.

Também é verdade que Geraldo foi importantíssimo para a manutenção do poder socialista em Pernambuco em momentos cruciais, como a reeleição de Paulo Câmara (PSB) no governo.

Mas a forma como os processos foram conduzidos elevou a tensão.

Agora, os problemas deixados nas contas dos últimos anos de prefeitura, prejudicaram ainda mais a posição do, hoje, secretário de Desenvolvimento Econômico para uma disputa futura.

O anúncio das mudanças na previdência do Recife, por exemplo, realizado esta semana por João Campos, que fará servidores se aposentarem mais tarde e com benefício menor, é consequência de atos de Geraldo.

Aliado político, o atual prefeito do Recife tentou transformar o anúncio em "algo positivo" ou jogar a responsabilidade para o governo federal, mas só precisou fazer as mudanças porque a gestão anterior deixou um débito de quase R$ 55 milhões com o Reciprev.

Independente disso, o ex-prefeito ficou exposto com as denúncias contra sua gestão na pandemia. Por mais que não seja apontado diretamente nas investigações, era na porta da prefeitura administrada por ele que a Polícia Federal batia.

A forma como alguns contratos foram feitos, incluindo acordos em que a prefeitura acabou pagando valor total de produtos e recebeu apenas metade do que foi comprado, ou o famoso caso dos "respiradores testados em porcos", elevam o problema.

Pra completar, a possibilidade de ser convocado para explicar esses contratos e as investigações da Polícia Federal na CPI da Covid, no Senado, colocam o ex-gestor municipal no centro do alvo da oposição ao PSB.

Agora, durante o período mais crítico das restrições por causa da pandemia, tem sido criticado dentro do governo por nunca estar presente na hora de anunciar medidas duras. Sempre, quem detalha as restrições é o secretário de Saúde, André Longo, e a secretária Executiva da pasta de Geraldo, Ana Paula Vilaça.

"Num momento em que todo o governo sofre com a repercussão negativa das medidas, necessárias para estancar a proliferação do vírus, Geraldo nunca está presente", reclamam integrantes da própria gestão.

Para tentar diminuir a pressão, o próprio ex-prefeito já tentou dar declarações, controladas e dúbias, sobre não ser candidato em 2022. Mas, isso não arrefeceu o ímpeto de partidos aliados que ameaçam não seguir com o PSB se o candidato for Geraldo Julio.

A pergunta que muitos aliados têm feito e resume tudo o que está descrito acima: "Como apoiar para o governo do Estado, um candidato que foi, literalmente, escondido na campanha municipal de 2020, porque podia prejudicar o palanque socialista e que, agora, some dos holofotes quando precisa anunciar alguma medida mais dura?"

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