Cena Política

Governador ter assumido ser gay assustou a esquerda ao ponto de tratarem isso como "nicho de mercado". Se não for de esquerda, não pode?

Não é só por ser gay que ele ameaça, mas é que se tornando simpático à esquerda, o gestor terá holofotes sobre a boa gestão que realiza, recuperando o Rio Grande do Sul.

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Igor Maciel

Publicado em 02/07/2021 às 10:18 | Atualizado em 02/07/2021 às 10:45
Análise
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Uma dúvida sincera: na política, ser gay é nicho de mercado? 

Não tem como não pensar assim e concluir que alguns acreditam nisso.

O governador do Rio Grande do Sul, assumiu publicamente que é gay, fez isso em rede nacional e, ao invés de receber apoio de alguns que se destacaram no últimos anos levantando a bandeira do movimento LGBTQUIA+, foi criticado.

O ex-deputado Jean Wyllys foi um deles. Partiu para atacar o governador gaucho, acusando-o de ter assumido agora porque é pré-candidato a presidente.

O que nos leva a outra dúvida sincera: para se assumir gay é preciso esperar o momento político certo? É esse o recado que Jean Wyllys quer passar para a sociedade?

 

Reprodução Twitter
Postagem do ex-deputado Jean Wyllys - Reprodução Twitter

 

Ou Eduardo Leite não pode assumir que é gay por causa da sua filiação partidária? Wyllys, no Twitter, atacou o governador dizendo que ele só seria corajoso "se tivesse assumido em 2018, quando era aliado de Bolsonaro".

Eduardo Leite é do PSDB.

O que leva a outra dúvida sincera: só há coragem em se assumir gay se o momento for adverso?

Ou, talvez, a melhor questão seja a seguinte: Só se pode capitalizar politicamente a própria sexualidade se você for de esquerda?

Ou, outra: Quem é de direita não pode dizer em público que é gay?

O que nos traz de volta à questão inicial sobre ser um nicho de mercado político.

Agora, sem perguntas, algumas respostas:

Assim que Bolsonaro foi eleito, o corajoso Jean Wyllys disse que tinha medo de morar no Brasil, fez as malas e foi morar na Europa. Recentemente, declarou apoio ao ex-presidente Lula (PT).

Depois que Leite assumiu ser gay, na noite da quinta-feira (1º), boa parte das redes sociais caiu de amores por ele, principalmente representantes de movimentos de esquerda. Antes, ele nem era notado como adversário, agora é um "aliado".

Se o governador gaucho crescer nas pesquisas, há uma tendência de que ele tire votos de Ciro Gomes (PDT), de Lula e de Bolsonaro, tudo ao mesmo tempo.

O PT percebeu isso e ficou em alerta, escalou Jean Wyllys para tentar combatê-lo, e o bom soldado foi à linha de frente virtual.

Não é só por ser gay que ele ameaça, mas é que, se tornando simpático à esquerda, terá holofotes sobre a boa gestão que realiza, recuperando o Rio Grande do Sul depois de uma das maiores crises econômicas da sua História recente.

Jean Wyllys deve saber como é ser acusado de se assumir gay para atrair atenção, tendo suas qualidades ignoradas. Ele sempre foi criticado por ter usado a sexualidade para vencer o Big Brother e para se tornar deputado federal. Estranho é estar do outro lado agora.

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