Na política brasileira tem celular por R$ 2 milhões, bombons por R$ 200 mil em loja de material de construção e R$ 5,7 bilhões pra fazer campanha
No Recife, em Pernambuco e no Brasil, são impressionantes os casos em que o dinheiro público é usado por casas legislativas, ignorando a realidade do país, acreditando na ignorância do povo e na ausência de punição.
O legislativo brasileiro perdeu o respeito pelo povo brasileiro e pelas dificuldades que essa população enfrenta todos os dias. Deputados e senadores que chegaram, nos últimos anos, a temer o poder de manifestações nas ruas contra a corrupção e contra a política, decidiram que o perigo passou.
Os exemplos estão em todos os lugares e em todas as casas, do vereador ao senador.
Uma pequena sequência de absurdos que envolve apenas esta última semana: no Recife, vereadores estavam felizes da vida com os celulares novos que iriam receber para seus gabinetes. A licitação foi exposta pelo Blog de Jamildo.
O gasto estimado no pregão era de quase R$ 2 milhões, com a compra de 160 aparelhos para os 39 gabinetes. São quatro celulares para cada vereador.
Mas, não era qualquer celular, tinha que ter acesso ilimitado à internet, tela com 6", leitor de digitais, câmera de no mínimo 12 megapixels, entre outras exigências.
Aí o Ministério Público de Contas entrou em ação e recomendou que a compra não fosse feita. Depois de muita repercussão negativa, os nobres edis desistiram.
No mesmo dia em que os vereadores foram obrigados a ficar sem o "mimo eletrônico" deles, deputados e senadores que trabalham a 2 mil quilômetros de distância daqui, em Brasília, aproveitaram a votação do orçamento para 2022 e empurraram um texto, lá dentro, aumentando de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões o fundo que vai ser utilizado por eles próprios para fazer campanha eleitoral.
Já na sexta-feira (16), voltando a Pernambuco, o mesmo Blog de Jamildo mostrou um adocicado contrato, dessa vez da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Os deputados estaduais estão gastando R$ 204 mil para comprar bombons, adoçante, cafés e açúcar.
É caro, mas não é esse o maior problema.
A empresa com a qual a Alepe fez o negócio é uma casa de Materiais de Construção.
O estabelecimento, que deveria vender cimento e vende bombons, foi criado em 2019, em Caruaru, e tem capital social total de R$ 200 mil, nem chega ao valor da compra.
Num período de pandemia, com desemprego e inflação assustando os pernambucanos, a Alepe tem orçamento de R$ 600 milhões em 2021.
A derrocada da operação Lava Jato parece ter deixado os políticos brasileiros tranquilos demais.
Talvez seja a hora de agitar um pouco as coisas outra vez. Tem gente que só funciona direito sob pressão.