Semipresidencialismo proposto por Arthur Lira seria uma fábrica de confusões no Brasil
No Brasil em que o povo não se sente representado pelo parlamento e políticos entregam até a própria mãe para não assumirem culpa por nada, teríamos um primeiro-ministro por mês
Para quem conhece como funciona o sistema semipresidencialista, que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), está propondo, a única expressão que vem à cabeça é: "No Brasil, não dá certo".
Os brasileiros, aliás, precisam parar de buscar fórmulas lá fora para implantar por aqui, como se fosse apenas copiar uma receita de bolo. O forno aqui é diferente.
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Vale para os "liberais" em verde e amarelo que acreditam ser possível trazer o modelo norte-americano para o sul.
O mesmo vale para quem quer as estradas de alta velocidade da Alemanha para acelerar aqui.
Sempre que alguém viaja para a Europa e volta falando que se deveria trazer algo para o Brasil, é necessário complementar: "traz o povo de lá, também".
Não é que eles sejam melhores, nem mais bonitos. É que o molde é outro. Vale para o sistema semipresidencial que vigora na França, por exemplo. Tem que trazer os eleitores e os políticos de lá, junto com a receita.
Sem falar que o modelo que Lira defende não é o que existe na França, exatamente, mas o que vigora em Moçambique.
No dos franceses, o presidente escolhe o primeiro ministro, mas só pode demiti-lo se dissolver o parlamento inteiro.
No modelo moçambicano, o presidente é eleito e escolhe o primeiro-ministro, mas pode trocá-lo quando quiser.
No Brasil em que o povo não se sente representado pelo parlamento e políticos entregam até a própria mãe para não assumirem culpa, teríamos um primeiro-ministro por mês.