Vacina Sputnik V, cancelada no Brasil, é mais uma derrota do consórcio Nordeste
Imunizante foi ferramenta utilizada em momento de desespero dos brasileiros, pelos governadores para brigar com Bolsonaro e pelos russos para ter lucro. Quando passou o desespero, acabou o interesse.
O governo Federal errou muito na condução da pandemia. Foi omisso até não poder mais e, quando agiu, agiu errado.
Sem uma boa dose de parcimônia intelectual ou sem torcida é impossível dizer que o governo Federal acertou nas ações contra a covid-19. Essa é a verdade.
Mas, existe a verdade e existe a verdade ampliada, com suas nuances. Nela, os governadores e prefeitos cometeram muitos erros também. Gastaram mal o dinheiro que receberam para combater a doença.
Na compra de respiradores, escândalo.
Na negociação de insumos, escândalo.
No controle efetivo das medidas restritivas e de isolamento, covardia. Vimos, e ainda vemos, gestores que se escondem quando precisam dar notícia ruim.
Governadores, prefeitos, ex-prefeitos, secretários, a maioria cometeu erros. Mas, o maior erro de todos, desde o início, foi politizar a pandemia. Fazer disso uma batalha em que a morte é moeda por apoio ou rejeição popular.
Esse foi um erro geral.
Por isso, incomoda que os governadores do Nordeste tentem, mais uma vez, a essa altura, usar o episódio da vacina russa, a Sputnik V, como argumento de resistência política contra Bolsonaro, afirmando que a vacina não chegou porque o governo atrapalhou.
Não é verdade.
Não deu certo porque a fabricação é suspeita, porque não há dados suficientes sobre o imunizante, mas, principalmente, porque os russos queriam faturar alto com o Brasil, apostando no desespero local.
Como o desespero passou, preferiram ir ganhar dinheiro em outro lugar.
Os governadores também apostaram no desespero. E ficou feio.
Porque quando a Anvisa explicou, tecnicamente, o motivo de não aprovar a vacina, o grupo do Nordeste, que já tinha negociado com os russos, querendo ter uma vacina para mostrar como sua, tentou usar a pressa e o desespero para jogar a população contra os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Chegaram a suplantar a ciência, naquele momento, com o argumento mesquinho de que eles só estavam agindo politicamente para agradar Bolsonaro.
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Quando a Anvisa liberou a importação, mas limitou a quantidade, os russos não tiveram mais interesse, porque teriam pouco lucro.
Quando a Anvisa liberou, mas exigiu que os governadores se responsabilizassem, os governadores fizeram corpo mole porque não queriam assumir o risco. Pimenta, se for no olho dos outros, tudo bem, né?
A vacina russa, nesse episódio com os governadores, foi apenas mais um fracasso do Consórcio Nordeste. É o resumo