Cena Política

Absorventes: que imensa vergonha o Brasil ter que discutir sobre o óbvio a essa altura

Vivemos uma discussão carregada de estratégias políticas e eleitorais voltadas para a eleição de 2022 enquanto meninas de baixa renda esperam por absorventes desde 1930.

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Igor Maciel

Publicado em 08/10/2021 às 9:05 | Atualizado em 08/10/2021 às 9:39
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Antes de qualquer coisa, é preciso dizer: que vergonha estarmos em pleno ano de 2021 discutindo algo tão óbvio quanto a distribuição de absorventes íntimos para meninas de baixa renda num país em que até comer sempre foi custoso para boa parte da população.

Tivemos governos de todos os tipos, bandeiras, cores e patentes nesse país, inclusive 13 anos de PT. Inclusive com a única presidente mulher. 

Aliás, o PT passou o mandato de Dilma Rousseff mais ocupado em discutir se era "presidentE" ou "presidentA". Isso foi mais importante para eles do que garantir absorventes para meninas de baixa renda.

>>> Alunas das escolas estaduais de Pernambuco também vão receber absorventes

Com essa discussão atual ridícula (porque toda discussão sobre o óbvio é ridícula), estamos decidindo se essas meninas, que não têm condição de comprar absorventes para terem uma vida normal, devem continuar vivendo como se vivia até 1930, quando o "Modess" chegou ao Brasil e revolucionou a vida das brasileiras que, até então, usavam toalhinhas.

Faz quase 100 anos e ninguém nunca resolveu isso para essas meninas.

Agora, quando finalmente há um projeto tratando do assunto, da petista Marília Arraes, é preciso reconhecer, ele vira polêmica e discussão.

Que vergonha. Que vergonha.

Ainda mais, porque a polêmica toda decorre de estratégias políticas, de ambos os lados dessa polarização estéril que vivemos, olhando para a eleição de 2022.

Estamos pensando na eleição de 2022, enquanto meninas pobres esperam, desde 1930.

Que vergonha.

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