Anúncio de Danilo foi quase um evento para Lula, uma apropriação da polarização nacional. Pernambuco vem depois
Observando bem, o PSB quase não fala sobre Pernambuco em eleições para governador de Pernambuco.
Às vezes você diz algo por ficar em silêncio. Outras vezes você diz uma coisa e todo mundo entende a mensagem escondida, mesmo que não se dê conta disso. A percepção da realidade, no cérebro, acontece em várias camadas.
É difícil dizer até que ponto o PSB usa neurociência para fazer política, mas imaginar que o faz é plausível.
Durante o lançamento da pré-candidatura de Danilo Cabral (PSB), chamou a atenção o uso de vários canais para formar uma imagem sobre a reaproximação(?) com o PT.
Não apenas pelo conteúdo dos discursos, mas, por exemplo, pela quantidade de vezes que, sem nenhuma menção dos presentes, a frase "esse é o time de Lula em Pernambuco" aparecia escrita na tela da transmissão do evento.
A preocupação em nacionalizar e polarizar a disputa local é evidente. O escolhido, Danilo, chegou a dizer que "Pernambuco vai se reencontrar com Lula".
O que se viu nessa segunda-feira (21) foi a formação de um ambiente de "nós contra eles" que, infelizmente, a julgar pela estrutura da disputa nacional, tende a se fortalecer.
É preciso perguntar se todas as frases sobre fazer Pernambuco avançar, repetidas como clichês em todas as falas, são apenas decorativas.
No ramo, ainda pouco estudado, da "neuropolítica" há uma crítica sobre o quanto seu uso pode fazer o cidadão, seduzido, ignorar a própria realidade e seus problemas.
Observando bem, o PSB quase não fala sobre Pernambuco em eleições para governador de Pernambuco.
É sintomático.
Também deu para observar uma mudança na postura dos socialistas em relação a Humberto Costa (PT).
Antes, o PSB nunca levou a sério a narrativa sem muito sentido de que Humberto era um candidato ao governo e abriu mão disso em nome da união.
Todo mundo sabe que Humberto nunca foi candidato e se tratava apenas de negociar São Paulo.
Mas, no evento, os socialistas passaram a enaltecer o senador pontuando o "sacrifício" que ele fez.
Juntando esse "reconhecimento" dramático, com a informação passada pelo deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) de que Alckmin já fechou acordo para entrar no PSB e ser vice de Lula (PT), mais a declaração de Márcio França (PSB-SP) de que vai ser candidato ao governo "dependendo da vontade de Lula", entende-se que a situação em São Paulo está resolvida e que Fernando Haddad (PT) será o candidato.
A ver.