Cena Política

Baixo investimento e obras não concluídas evidenciam responsabilidade de gestões do PSB na tragédia das chuvas

Acidentes só existem quando há tentativa efetiva de preveni-los. Quando há omissão, mesmo na consciência dos riscos, torna-se crime.

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Igor Maciel

Publicado em 06/06/2022 às 10:32
Análise
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As gestões do PSB no Recife são difíceis de defender. Talvez por isso o prefeito atual fale mais com as próprias redes sociais. E o anterior não falava com ninguém se não fosse em ambiente e com interlocutores muito bem controlados.

É difícil de defender porque, quando vemos alguém justificando, o argumento quase sempre desvia para algum assunto fora do tema. “Estão querendo politizar a tragédia”, é a reação padrão.

Como se politizar fosse algo ruim, o que é estranho como argumento vindo de quem é político profissional.

Mas, é difícil de defender o PSB mesmo, porque a lista de problemas que poderiam ter sido resolvidos, e não foram, cresce todo dia.

O JC já mostrou que as gestões do PSB foram as que menos investiram na prevenção de tragédias, numa reportagem recente de Katarina Moraes.

Agora, Lucas Moraes, também do JC, detalha a lista de obras que foram prometidas e não concluídas em áreas onde as pessoas morreram na última tragédia.

Essas obras, somadas, tiveram investimento prometido de R$ 120 milhões. Quantas mortes poderiam ter sido evitadas?

Quando a coluna começou a criticar e questionar os prefeitos e o governador em relação às mortes, choveram críticas de pessoas ligadas ao PSB. Depois veio o silêncio com a sequência de problemas que foram aparecendo.

Acidentes só existem quando há tentativa efetiva de preveni-los. Quando há omissão, mesmo na consciência dos riscos, torna-se crime.

Ninguém pode ser leviano para acreditar ou insinuar que houve qualquer intenção. Não houve, porque ninguém quer ser gestor para provocar tragédias.

Mas houve omissão. E isso é grave também.

Geraldo

A lista de obras no valor de R$ 120 milhões levantada pela reportagem do JC merece atenção ainda maior pelos períodos de seus lançamentos.

Andréa Rêgo Barros/PCR
Geraldo Julio em celebração de convênio para liberação de 125 milhões do PAC para encostas do Recife - Andréa Rêgo Barros/PCR

Quase todos são projetos da gestão Geraldo Julio (PSB). E a maioria foi de contratos firmados em 2018, quando o presidente era Michel Temer (MDB).

O mais criticado pelo PSB na época foi quem garantiu mais dinheiro. E as obras não foram finalizadas aqui.

Na ocasião, o ministro das Cidades era o Pernambucano Bruno Araújo (PSDB), tem até foto de Geraldo agradecendo pelos recursos do governo federal (acima).

É o mesmo Bruno que, depois, candidato a senador junto com outro pernambucano, Mendonça Filho (UB), era chamado de “Turma de Temer” pelos socialistas, numa disputa eleitoral.

Sim, isso vindo do mesmo PSB que, agora, reclama de injustiça quando “politizam” algo.

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