Cena Política

Tem gente demais no salto alto, querendo até que Lula "forme um ministério"

Questionamentos, inclusive da imprensa, parecem já dar a vitória como algo certo. O próprio Lula, surpreendentemente, é quem tem buscado dar freio no clima

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 27/07/2022 às 10:59 | Atualizado em 27/07/2022 às 11:15
GUGA MATOS/JC IMAGEM
Lula (PT) - FOTO: GUGA MATOS/JC IMAGEM
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Acompanhando uma entrevista de Lula (PT) nos últimos dias, chamou atenção o tom inicial das perguntas feitas pelos jornalistas.

Quem desembarcasse no Brasil naquele exato momento acharia que a eleição já terminou e que o ex-presidente petista era, na verdade, já o presidente eleito.

Queriam saber quais ministérios seriam recriados e quem poderia ocupar esses cargos, por exemplo.

O tom das perguntas só mudou quando o próprio Lula disse que não podia falar de formação de ministério porque ainda tinha uma eleição pela frente.

Depois da reclamação do ex-presidente, as perguntas voltaram para o campo da possibilidade.

Muito se tem falado nos últimos meses sobre o salto alto dos petistas, dando a vitória como certa no mês de outubro e já fazendo planos para a divisão de cargos. Foi na mesma época em que Sergio Moro (UB) desistiu de ser candidato a presidente e Bolsonaro (PL) voltou a subir.

Os petistas tomaram um susto e começou um movimento interno para que todos descessem do salto, porque a eleição estava longe de acabar.

O problema é que esse clima de “vitória certa” também contamina a imprensa. Fica visível em algumas entrevistas, fica notório em reportagens, e preocupa.

O atual governo é ruim, é uma fábrica de caos, mas o grupo bolsonarista tem força, está presente nas eleições e é competitivo ao ponto de isolar figuras como Ciro Gomes (PDT), com longa história política no país.

Agir com a certeza de que esse grupo já perdeu antes de a eleição começar não é apenas desrespeito, mas também ingenuidade.

Nunca é demais lembrar, o jornalismo é um setor que também estava cheio de certezas em 2018.

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