Teresa e Marília
Teresa Leitão (PT) tem um desafio e o enfrenta em todos os momentos nos quais precisa criticar Marília Arraes (SD) por sua posição na chapa da Frente Popular. Não apenas por ter sido aliada da atual candidata ao governo, mas principalmente por depender de alguns votos que também estão com a deputada federal. O que se tem verificado nas pesquisas é que há muitos eleitores que, por identificação com o PT, formaram a própria chapa e declaram intenção de voto em Marília para o governo, mas votam também em Teresa. Quando é usada pelo PSB para bater em Marília, Teresa corre o risco de ficar mal com esse público. No entorno da candidata há uma certa tranquilidade com a situação: “voto e carinho ninguém rejeita. Mas o candidato dela é Danilo Cabral e ela vai sempre deixar isso claro”, reforçam. Na entrevista que concedeu à Rádio Jornal, Teresa respondeu sobre o período em que foi aliada de Marília e o motivo de ter se afastado. “Eu conversei muito com ela, para que ela ficasse no PT e seguisse aquilo que era o melhor para Lula e para o Brasil, porque a prioridade é ter um Congresso forte para que Lula trabalhe, mas ela já estava com a decisão tomada e saiu”, contou.
Guilherme e Miguel
A qualidade técnica e política de Guilherme Coelho (PSDB), candidato ao Senado na chapa de Raquel Lyra (PSDB), é quase uma unanimidade no meio. O ex-prefeito sertanejo foi sabatinado na Rádio Jornal ontem. A coluna já ouviu elogios recentes de adversários a Guilherme. Mas, há quem considere que o gol pela escolha do nome para compor a chapa tenha sido feito no lado errado do campo. Uma raposa da política pernambucana, há alguns dias, traçou um diagnóstico negativo sobre a posição em que Guilherme foi colocado e como isso pode acabar ajudando mais Miguel Coelho (UB) do que a própria Raquel. A questão é que, como já foi dito aqui sobre a candidatura de Teresa Leitão (PT) na com o PSB, eleição de Senado é solteira e você pode votar no candidato ao Senado, sem votar no candidato a governador. Por ser muito forte na região de Petrolina e com o ex-prefeito Miguel Coelho tendo em sua chapa para o Senado um candidato desconhecido, a tendência é que Petrolina acabe votando nos sertanejos. Miguel seria o escolhido para o governo e Guilherme para o Senado.
Bolsonaro e o fôlego
Um ponto da entrevista de Jair Bolsonaro (PL) ao Jornal Nacional pode se tornar bastante negativo para ele. Apesar de ter ido muito melhor do que se esperava, sem implodir, um assunto acabou chamando a atenção do público: o vídeo em que ele imitava doentes de covid com falta de ar, no meio da pandemia. Ainda durante a entrevista, analistas de redes sociais perceberam um aumento considerável de pesquisas na internet buscando pelo vídeo. André Janones (Avante) chegou a identificar a questão e atribuiu isso ao "povo descobrindo" o ato do presidente no período mais duro da doença. Na entrevista, Bolsonaro não soube como responder. Depois, mudou de assunto. Percebendo que o tema havia chamado a atenção do público e as pessoas tinham corrido para pesquisar o vídeo, o próprio Bolsonaro tratou, depois, de dar sua versão sobre as imagens polêmicas, afirmando que estava “defendendo as pessoas que ficavam em casa passando mal e não iam para o hospital”. É cedo para dizer se isso terá impacto negativo na campanha, mas os opositores começaram a explorar o tema desde o momento em que a entrevista acabou.
Ciro, Bonner e Renata
Ciro Gomes (PDT), o segundo entrevistado na série de sabatinas do Jornal Nacional, era uma incógnita. Ninguém sabia se estaria na bancada o “médico” ou o “monstro”, já que o candidato costuma vender-se como um intelectual, professor de tudo, mas se transforma quando é contrariado , assumindo personalidade autoritária no confronto. Prevaleceu o “Ciro paz e amor”. No único momento em que foi criticado mais incisivamente, pelos termos que usa contra adversários, chegou a reconhecer, pedir desculpas e prometer que ia tentar ser mais educado. No resto do tempo, teve espaço para apresentar propostas e ideias que não se sustentam, como a de fazer plebiscitos sempre que houver impasse com o Congresso, copiando modelos populistas que, por melhores que sejam as intenções, acabam em inferno.
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