Cena Política

Primeiro debate do SJCC com candidatos ao governo foi divisor de águas na eleição

O clima foi o ideal para aquilo que se espera dos candidatos em um debate: um ambiente de pressão, como teste para medir a estabilidade do comportamento de cada um.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 10/09/2022 às 0:01
SJCC
TV JORNAL INTERIOR Postulantes ao Palácio do Campo das Princesas se enfrentaram no debate e discutiram propostas em diversas áreas para o futuro de Pernambuco - FOTO: SJCC
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O primeiro debate do Sistema Jornal do Commercio nesta eleição de Pernambuco foi o marco de uma virada na postura dos candidatos. Quem estava nos bastidores, percebeu o clima mais agudo. “Do pescoço para baixo, tudo é canela de agora em diante”, foi o tom adotado.

A alta temperatura ficou mais evidente nas posturas de Danilo Cabral (PSB) e Raquel Lyra (PSDB). Miguel Coelho (UB) também chamou a atenção, principalmente nas cobranças à gestão do PSB e no abandono que os prefeitos sofreram. Até João Arnaldo (PSOL), com sua postura sempre educada e centrada, partiu para a desconstrução das outras candidaturas.

O clima foi o ideal para aquilo que se espera dos candidatos em um debate: um ambiente de pressão, como teste para medir a estabilidade do comportamento de cada um. Cadeira de chefe de Executivo não é lugar para quem só consegue sobreviver em ambiente controlado. Quem evita o desafio de um debate pelo temor do questionamento, poderá enfrentar os desafios imensos que Pernambuco carrega há anos sem encontrar quem lhes faça frente?

O debate realizado pela TV Jornal Interior pode ser classificado como o momento em que ninguém aceitou calado a provocação alheia e, mesmo assim, todos souberam defender suas ideias com respeito, sem agressões.

O Pastor Wellington (PTB), por exemplo, chamado de “estagiário” em determinado momento, reagiu com uma educação exemplar.

Danilo

Danilo Cabral soube pesar as críticas à ausência de Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL), mas não poupou a presença de Raquel Lyra e Miguel Coelho, questionando a participação do governo estadual nas gestões dos dois em Caruaru e Petrolina. E, aqui, é preciso saber separar a situação difícil em que o candidato se encontra nas pesquisas do desempenho dele durante o debate. O socialista se saiu bem, apesar de todas as limitações que é obrigado a enfrentar. Paulo Câmara (PSB), que ele evitou citar como se falar o nome do governador fosse um pecado, é um peso considerável neste momento. Ainda assim, Danilo conseguiu se destacar.

Raquel Lyra

Quem acompanhou Raquel Lyra na eleição de 2016, a primeira que disputou pela prefeitura de Caruaru, percebeu uma postura parecida com a da reta final do primeiro turno daquele ano. Na época, Raquel disputava a segunda vaga do segundo turno e mudou a postura, tornando-se mais incisiva, direta e questionadora. O tom a levou à fase seguinte da eleição que ela venceu. O ambiente agora é outro, a eleição é outra, mas foi impossível não perceber a mudança. Destaque para o momento em que desafiou Marília Arraes para um debate “onde ela quiser e quando ela quiser”.

Ausências

O revelador mais límpido de como o debate foi um divisor de águas na campanha de Pernambuco, inaugurando uma nova fase na postura dos candidatos foi a pouca relevância à ausência de Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL). Dizem que todo funcionário que tira férias e as pessoas não percebem ou não sentem falta, deve começar a se preocupar com o futuro. A falta que os candidatos levaram não tornou o debate mais frio, cansativo ou diminuiu o interesse da audiência. Isso diz muito e deveria começar a preocupar os faltosos.

Adversários concordam

Sobre o motivo das ausências, aliás, nos bastidores os outros candidatos concordam plenamente: “Anderson teme piorar a já alta rejeição falando em um ambiente não controlado e Marília está preocupada em ser alvo de questionamentos, dar alguma escorregada e perder eleitores como consequência”, dizem.

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