As ausências reiteradas de Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL) nos debates só têm objetivo similar, mas os motivos são bem diferentes.
Marília
No debate da Rádio Jornal, nesta terça-feira (13), a candidata do Solidariedade usou como justificativa uma sabatina que aconteceria às 12h05 na TV Globo. O debate da rádio terminou quase 20 minutos antes do compromisso seguinte. A justificativa só seria válida, pelo trânsito, se as duas emissoras estivessem distantes uma da outra. Mas, literalmente, é só atravessar a rua, pois são vizinhas.
A candidata, na verdade, queria aproveitar a vantagem que tem sem se expor ao debate, porque sabe que seria questionada. Colocar-se para assumir a cadeira mais importante da administração pública do estado, que é cercada de problemas por todos os lados, e fazer isso sem a disposição de estar presente para qualquer questionamento dos adversários, é um princípio lamentável.
Ainda haverá outras oportunidades. Caso isso não mude, terá sido um imenso desrespeito com o eleitor.
Anderson
No caso de Anderson, outro faltoso, o objetivo é se preservar também, mas não porque está em vantagem na corrida. Ele está empatada com outros quatro candidatos em segundo lugar.
O ex-prefeito de Jaboatão tem a seu favor o apoio de Bolsonaro (PL), mas carrega o “ônus inerente”: a rejeição.
Ele já é o segundo candidato mais rejeitado, segundo as pesquisas, mas pode ser pior, dependendo da exposição. Enquanto a rejeição ao presidente está em torno de 60%, a de Anderson chegou a 19%. Quanto mais associado ao presidente, mais ele pode absorver intenções de voto, como também pode ver a rejeição disparar.
Quando participa de sabatinas, o candidato ao governo fala para os seus próprios eleitores. Mas, em um debate, terá que se expor a todos os públicos. A associação direta ao bolsonarismo pode aumentar sua rejeição antes da hora.
O desafio de Anderson, que até agora ele tem cumprido, é conseguir manter a antipatia do pernambucano por ele mais baixa que a de Bolsonaro sem abrir mão da simpatia bolsonarista em Pernambuco.
Mas, as ausências dele se revestem do mesmo desrespeito ao eleitor, caso persistam até o fim da eleição.
Limite da estratégia
Estratégia em uma eleição é importante, mas não pode ser maior do que a disposição para o debate de ideias e a comprovação de que se consegue funcionar sob pressão. Hoje, sabemos como pode ser o comportamento de Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (UB) e Danilo Cabral (PSB) caso sejam eleitos para o governo. Mas, ninguém tem a mínima ideia do que esperar de Marília e Anderson no mesmo cargo.
O desrespeito dos candidatos está em obrigar o eleitor a ir votar no escuro sobre eles. Estão exigindo um cheque em branco dos pernambucanos que já levaram vários calotes nas últimas eleições. É justo?
Todo mundo aqui
A candidata à presidência da República Simone Tebet (MDB) vai abrir a série de visitas de presidenciáveis ao Recife nos próximos dias. Hoje, a senadora terá uma agenda na capital pernambucana que inclui caminhadas e uma visita ao Porto Digital.
Essa agenda, inclusive, vai colocar no mesmo grupo a candidata ao governo de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB) e o presidente do MDB no estado, Raul Henry. Raquel pede votos para Tebet, mas o MDB local apoia o candidato do PSB ao governo, Danilo Cabral.
Depois de Simone Tebet será a vez de Ciro Gomes (PDT), que vem ao Recife amanhã. No sábado será a vez de Jair Bolsonaro (PL) estar no Recife e, na próxima semana, provavelmente no dia 20, Lula (PT) desembarca no estado para uma visita e para tentar reforçar o palanque da Frente Popular.
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