Cena Política

Cena Política: Por que Lula não colocou Pernambuco na agenda, apesar de o PSB precisar dele?

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (22)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 22/09/2022 às 0:01
Marcus Mendes/divulgação
Lula em sua última visita a Pernambuco - FOTO: Marcus Mendes/divulgação
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Lula (PT) era esperado pelo PSB, em Pernambuco, no último dia 20, mas não veio. Ele nunca chegou a confirmar, é verdade, mas a situação da campanha socialista no estado pedia um reforço, que não aconteceu.

Muitos podem ter, finalmente, entendido algo que estava claro no início dessa discussão entre PT e PSB, mas que foi ignorado, numa espécie de fuga de realidade apoiada em dissonância cognitiva: a prioridade de Lula é Lula, depois vem o PT. E, a sequência depende da conveniência.

Para Lula, a situação está controlada por aqui. Ele ganha, mesmo se o PSB não ganhar. Porque quem lidera o primeiro turno para o governo é Marília Arraes (SD) e quem lidera para o Senado é Teresa Leitão (PT). Ambas trabalham por ele.

Lula lidera em Pernambuco com uma folga imensa que independe de o PSB gostar ou não da ausência física dele. Os socialistas se deixaram amarrar pela promessa de apoio numa aliança nacional e, agora, tem pouca margem para fazer qualquer exigência.

Hoje, só duas coisas importam para o lulismo nos estados: primeiro, é preciso ter um representante no segundo turno (e é melhor para ele que haja segundo turno nas eleições locais). Depois, é preciso garantir que, em cada estado, ele tenha uma margem considerável de intenções de voto depositadas nas candidaturas que lhe apoiam.

Por aqui, Marília está praticamente garantida no segundo turno e a vantagem de Lula vai além dos dois candidatos que pedem voto para ele. Uma tem cerca de 30% e outro chega a 11%. Lula tem 60% no estado.

O cenário é tranquilo e atende as especificações da estratégia. Por que ele viria perder tempo aqui, se pode gastar seus últimos dias de campanha em São Paulo, Minas Gerais ou na Bahia, onde realmente precisa de votos?

O PSB de Pernambuco caiu num conto estranho, o de que Lula faria qualquer coisa pela eleição de um candidato da Frente Popular aqui. Agora, terá que se resolver sozinho, ao menos no primeiro turno.

Marília caiu bastante

O empate quádruplo em 11% observado na pesquisa Ipec chama atenção para uma disputa muito grande por uma das vagas no segundo turno entre Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (UB), Anderson Ferreira (PL) e Danilo Cabral (PL).

Mas o que impressionou foi o recuo nos números de Marília Arraes (SD). Ela caiu de 38% para 33%, bem na semana em que todos os adversários intensificaram alguma desconstrução da candidatura dela. A ausência em debates, nesses últimos 15 dias, entre eles o da Rádio Jornal e o da TV Jornal Interior, podem ter contribuído para isso também.

A campanha dela começa a mostrar uma fragilidade que, antes, parecia inexistente e a situação até ali, foi conduzida por alguns integrantes da equipe até com certa arrogância.

Agora, caindo, a candidata vai aceitar debater?

O foco foi Petrolina

Quando se vai à miudeza das pesquisas, além dos números principais, algumas evidências ficam mais claras. Uma delas é que Miguel Coelho (UB) é, realmente, muito forte em Petrolina. Muito forte, mas só em Petrolina e em parte do Sertão do São Francisco.

No Sertão do Araripe, Pajeú, Moxotó, a vantagem não se sustenta. Marília Arraes (SD) e Danilo Cabral estão mais fortes nessa região. Por Petrolina ser uma cidade muito grande, quando o nome é colocado numa pesquisa geral, em todo o Sertão, Miguel ainda se destaca. Mas os flancos ficaram abertos.

Recentemente, numa conversa com um candidato a uma cadeira no Legislativo, que é de Petrolina, houve esse alerta: “Saindo de Petrolina, a influência dos Coelho é bem limitada”. E o motivo é curioso. Diz ele que Petrolina tornou-se um oásis nos últimos anos, ficou como uma vitrine da administração do ex-prefeito, baseada na quantidade de verbas que saíram da União através do governo Bolsonaro (PL) e, antes, do governo de Michel Temer (MDB). Entre 2016 e 2018, o irmão de Miguel, Fernando Filho (UB), foi ministro de Temer. Depois, o pai, Fernando Bezerra (MDB), foi líder de Bolsonaro.

Nesse período, segundo lideranças da região, Petrolina foi muito beneficiada e o trabalho realizado foi muito importante, mas não ultrapassou os limites da cidade para o resto do Sertão. O que se esperava era que o sertanejo ignorasse isso e apostasse na vitória de um conterrâneo, apoiando Miguel.

Ele está na briga, mas com dificuldade.

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