Caricaturas são comuns numa eleição e candidatos como Tiririca (PL) são um claro exemplo. O da moda, Padre Kelmon (PTB), também. O problema é quando a Lei Eleitoral obriga o eleitor a assistir um debate com a participação de uma dessas caricaturas e dá a eles a mesma oportunidade de falar sobre as questões importantes do Brasil que dá aos candidatos sérios.
O padre, que se descobriu não ser exatamente um padre, já que ele nunca foi sacerdote das igrejas da comunhão ortodoxa no Brasil, acaba ajudando a desviar dos assuntos que realmente interessam ao país.
No debate da Globo, na quinta-feira (29), o petebista foi o “pateta” do programa. Mas não precisa vestir indumentária extravagante para ser caricato e, neste caso, é importante observar o comportamento da candidata Soraya Thronicke (UB) que, apoiada em frases de efeito para chamar a atenção em redes sociais, ficava perdida sempre que era obrigada a discorrer sobre um assunto por mais do que dois minutos.
O ápice da falta de propósito se deu quando, por duas vezes, o eleitor foi obrigado a assistir um duelo entre os dois. Kelmon virou “Padre de São João” e Soraya, uma ex-bolsonarista que defende economia liberal e imposto único com redução do Estado, virou “esquerdista”.
E toda essa pasmaceira, que gastou o tempo e adiou o sono de milhões de brasileiros, deu-se com candidatos que brigam para ficar entre 0% e 1% nas pesquisas.
A Lei Eleitoral precisa dar proteção para que as emissoras tenham condições de chamar para o debate apenas os primeiros colocados em pesquisa. Isso já foi tentado, mas quando os partidos dos candidatos inexpressivos entram com representação judicial para serem incluídos, acabam sendo acatados.
A justificativa dos legisladores é que isso promove a democracia. Honestamente, esse tipo de representação caricatural da política só massacra a democracia e descredibiliza o processo como algo sério.
O cientista político Antonio Lavareda fez um alerta sobre isso durante a realização do debate.” Imagine se a Jo Jorgensen estivesse nos debates americanos. Ela só teve 1,6% dos votos. Não faria sentido. E é uma intelectual, não uma palhaça como esse padre. O circo dessa noite deve nos fazer refletir sobre nossas regras eleitorais no sentido mais amplo. Elas contribuem para desinteressar a população da política. Parece premeditado”, reclamou. É isso.
Tebet
Ainda sobre o debate da Globo, é difícil dizer se é o Brasil que não merece uma candidata como Simone Tebet (MDB) e se um dia vai merecer, mas a imagem que ficou sobre ela é a de um ambiente tomado por um furacão, um arrastão e uma enchente, simultâneos, enquanto a candidata aparece no meio de tudo, com a água no pescoço, o vento soprando e a bolsa sendo roubada, fazendo um discurso cujo tema é “Ética e Governança”. É o melhor nome que temos em anos, numa hora em que ninguém está alcançando condições para prestar atenção nela.
Campeões
Nas bolsas de apostas para a bancada de deputados federais pernambucanos há uma série de dúvidas sobre quem consegue se eleger e quem vai morrer na praia. Uma das maiores interrogações é sobre o mais votado na eleição. Há quem garanta que fica entre Maria Arraes (SD) e Pedro Campos (PSB), os mais prováveis. Mas ninguém descarta Clarissa Tercio (PP) que pode desbancar até candidatos tradicionais do seu próprio partido.
Socialistas
Entre os prováveis eleitos do PSB, aposta-se em cinco nomes. O quinto, porém, é motivo de dúvida. Alguns têm apontado que pode ser Gonzaga Patriota (PSB) e que ele receberia um reforço por ser, há muitos anos, amigo de Lula (PT). Tadeu Alencar (PSB), Uchôa Junior (PSB) e Milton Coelho (PSB) também brigam por essa vaga.
Votos válidos
É preciso ficar atento aos números dos votos válidos nas pesquisas, tanto para governador como para presidente. O resultado das urnas é dado em votos válidos que é o percentual de cada candidato, já excluídos os votos brancos e nulos. Dependendo da quantidade de pessoas que não forem votar e das que não votarem em ninguém, esse percentual pode variar bastante.
Alguém com 15% de votos totais pode aparecer no resultado da urna com 20% ou 25% de votos válidos. E isso não significa que “a pesquisa errou”. Quase todos os levantamentos publicados esta semana começaram a ser divulgados em votos válidos, exatamente para não confundir o eleitor.
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