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Cena Política: No segundo turno, Marília Arraes irá aos debates da eleição?

Agora que terminou com vantagem muito pequena em relação à Raquel Lyra (PSDB), a estratégia deve mudar.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 04/10/2022 às 0:01
RENATO RAMOS / JC IMAGEM e MARCOS MATOS / JC IMAGEM
Marília Arraes (SD) e Raquel Lyra (PSDB) - FOTO: RENATO RAMOS / JC IMAGEM e MARCOS MATOS / JC IMAGEM
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Como a coluna alertou, faltar a todos os debates cobraria seu preço. A votação esperada para Marília Arraes (SD) não se concretizou. E basta dar uma passada nas redes sociais do SJCC, ver as notícias sobre a entrevista que ela concedeu à Rádio Jornal, nesta segunda-feira (3), após a eleição, e observar os milhares de comentários dos seguidores para entender. As frases que mais se repetiram tinham como crítica o fato de ela “finalmente aparecer, depois de ter faltado aos debates”.

A votação não caiu exatamente por isso, mas a estratégia de evitar ser questionada acabou afastando ela do contato com os eleitores dos outros candidatos e dos indecisos. Marília justificou afirmando que participou de mais de uma centena de entrevistas. É verdade, mas numa eleição é comum que a maior parte da audiência de uma entrevista seja formada pelos próprios eleitores do entrevistado. Você fica limitado.

Questionada sobre participar dos debates no segundo turno, ainda na entrevista à Rádio Jornal, a candidata garantiu presença. Antes tarde do que nunca.

Na Alepe

Pela primeira vez, Pernambuco terá uma mulher ocupando o cargo mais importante do Executivo estadual, independente de quem vencer no segundo turno. E independente de qual das mulheres nesta eleição chegar à vitória, será necessário haver muita negociação para formar bases no legislativo. É que o Solidariedade de Marília Arraes só elegeu três deputados estaduais. E o PSDB de Raquel Lyra, também, exatamente três. Aliados da neta de Arraes nessa primeira etapa, o Avante e o PSD não elegeram ninguém para a Alepe. No caso da ex-prefeita de Caruaru, o aliado Cidadania ficou longe de ocupar uma cadeira.

Com três parlamentares, numa casa com 49 deputados, não se aprova nem a compra do cafezinho no Palácio.

Essas conversas precisam começar imediatamente. Miguel Coelho (UB) declarou apoio a Raquel. Ela poderá contar com os eleitos no futuro? O União Brasil fez cinco deputados. Marília não teve declarações imediatas de apoio, mas poderá alcançar bases entre outros eleitos? O PP, por exemplo, quase lhe declarou apoio no início do processo e, ontem, elegeu oito deputados estaduais.

Já há, para ambas, por onde começar esta semana buscando.

E em Brasília

No caso da bancada federal, vantagem relativa para Marília. Ela conseguiu eleger dois deputados em seu grupo: a irmã, Maria Arraes (SD) e Waldemar Oliveira (Avante), irmão de seu candidato a vice. A vantagem é relativa porque são dois irmãos e agregam pouco em relação a novos votos. Mas, se ela for eleita, terão papel importante na interlocução do governo estadual.

Já Raquel terá que construir suas pontes com Brasília. Daniel Coelho (Cidadania) era seu único deputado federal com chances na chapa. Ele teve uma votação muito alta, maior que a de 2018, mas estava isolado e não conseguiu se reeleger.

Danilo

Danilo Cabral (PSB) não é um candidato ruim. Pelo contrário, é difícil dizer que qualquer outro nome conseguisse o resultado que ele conseguiu, carregando um legado do PSB que fala mais pela sua rejeição junto ao eleitorado pernambucano do que por suas realizações. A História dirá que o governo Paulo Câmara (PSB) conseguiu organizar as contas do estado e entregar a gestão com dinheiro em caixa. Será verdade. Mas se essa História for escrita por mãos sinceras, dirá também que o PSB não conseguiu realizar quase nada nos últimos oito anos e que foi inábil, na última década, para segurar em suas fileiras quatro jovens promessas políticas estaduais. Pior que isso, conseguiu transformá-los em seus inimigos. Todos, quase ao mesmo tempo.

E eis que Marília Arraes (ex-PSB), Raquel Lyra (ex-PSB), Miguel Coelho (ex-PSB) e Anderson Ferreira (ex-Frente Popular) lançaram suas candidaturas para derrubar o PSB em 2022. Conseguiram.

Para ser uma narrativa honesta, é preciso lembrar que Danilo só entrou no fim desse processo, tentando salvar o que não tinha salvação. Se ele fosse Campos ou Arraes teria sido diferente? Talvez o próprio PSB tivesse lhe ajudado melhor, talvez o PT tivesse lhe ajudado melhor. Porque o PT e o PSB conseguiram dar a Teresa Leitão (PT) dois milhões de votos, enquanto Danilo terminou a eleição para o governo com 885 mil.

Dizer que um cavalo é lento depende do peso que ele carrega. Danilo estava com uma tonelada nas costas e os aliados não fizeram muita força pra ajudar. A derrota estava anunciada e ninguém se mexeu muito.

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