Cena Política

Cena Política: Partidos rachados em Pernambuco por apoio a Marília Arraes ou Raquel Lyra

Confira a coluna Cena Política deste domingo (9)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 09/10/2022 às 0:01
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Raquel Lyra, Priscila Krause e Daniel Coelho - FOTO: REPRODUÇÃO/INSTAGRAM
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O PSB está rachado em Pernambuco. Tudo bem que isso não é nenhuma novidade e, também, nada longe do esperado após um quarto lugar numa eleição que eles não perdiam há duas décadas. Mas, o conflito interno, não é por causa da derrota, exatamente. O problema é Marília Arraes (SD).

Acontece que o partido está dividido sobre o apoio à candidata do Solidariedade que foi adversária no primeiro turno. Ela é considerada a principal responsável pela derrota do PSB, já que cristalizou o apoio de eleitores petistas que não votaram em Danilo Cabral (PSB), apesar dos pedidos de Lula (PT). Os ataques entre PSB e Marília vão de muito tempo, desde antes da eleição pela prefeitura do Recife, vencida por João Campos (PSB).

Integrantes dos dois lados começaram a sugerir uma reaproximação entre Marília e João. Os dois são primos e não se falam desde 2020. Até um jantar, para “selar a amizade”, estaria sendo costurado. O problema é que isso pode provocar mais discórdia.

Briga antiga

Nos últimos meses, atritos entre Geraldo Julio (PSB) e Paulo Câmara (PSB) ficaram evidentes. Os dois mal se falam, não dividem nem a mesma sala. Geraldo fez questão de “não existir publicamente” durante a campanha de Danilo Cabral, por exemplo. Agora, há um grupo que aceitou declarar apoio à Marília, com a desculpa de que “se Lula ficar com ela, eles têm que ir também”. Há uma preocupação com o isolamento político do PSB se não apoiar nenhuma das duas. João Campos, por exemplo, ficaria dependendo de uma eleição de Lula para conseguir verbas para o Recife.

Do outro lado, a discussão é se dá para confiar em Marília Arraes, já que ela sempre discursou contra os socialistas (desde que deixou o partido) e transformou o “combate ao PSB” em pauta frequente de sua trajetória recente. Essa ala defendia que o partido trabalhasse por Lula e fosse neutro em relação ao governo do estado, preparando para conversar com qualquer uma das duas que vencer.

Em casa que falta pão, todo mundo briga e ninguém tem razão. No PSB a constante agora é faltar pão (ou voto). O que tem variado é o motivo das brigas. Mas, quem imaginou que eles poderiam brigar até por um apoio a Marília Arraes nesta eleição?

A questão João Campos

O PSB já está pensando em 2024. O natural é que o atual prefeito do Recife, João Campos (PSB), busque a reeleição. O partido tem analisado os cenários para o governo do estado de acordo com essa perspectiva. É mais fácil criar uma aproximação com Marília Arraes (SD) e tentar manter o comando da prefeitura ou arriscar com Raquel Lyra (PSDB)?

Marília foi a candidata em 2020 e o grupo dela não tem outra liderança com vivência e história política na cidade para disputar a prefeitura. O caminho para o acordo entre ela e o PSB poderia ter a prefeitura do Recife como ponto de partida.

Já no grupo de Raquel há pelo menos dois nomes fortes na capital pernambucana e que já foram candidatos à prefeitura: Priscila Krause e Daniel Coelho, ambos do Cidadania. A primeira, em caso de vitória, seria vice-governadora e talvez não saísse para brigar por voto com João que tentará a reeleição. Mas Daniel Coelho iria fácil para a disputa. Ele não foi reeleito para a Câmara Federal e o grosso de sua votação saiu do Recife, foram quase 35 mil votos.

Mesmo sem alcançar uma cadeira, Daniel teve mais que o dobro da votação de Maria Arraes (SD). A irmã de Marília só fez 16 mil votos na capital.

União Brasil rachado

O União Brasil em Pernambuco também está rachado. Miguel Coelho, que liderou o partido na última eleição, e os deputados federais eleitos Fernando Filho e Mendonça Filho, desautorizaram em nota o presidente nacional Luciano Bivar, após este declarar apoio do partido à Marília Arraes (SD).

A maioria da sigla em Pernambuco quer apoiar Raquel Lyra (PSDB). Bivar teria tomado a decisão, mais uma vez, sem consultar o restante do partido e sem seguir o regimento interno da própria sigla.

Tem sido algo frequente. No início do processo, ele filiou Sergio Moro para que o ex-juiz fosse candidato a presidente. Quando o fato se tornou público, as outras lideranças que não concordavam e não haviam sido consultadas o obrigaram a desistir do projeto. Moro acabou sendo senador no Paraná.

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