Cena Política

Cena Política: Quanto tempo dura Lula e qual o efeito dele em Pernambuco?

Confira a coluna Cena Política deste domingo (16)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 16/10/2022 às 0:01
GUGA MATOS/JC IMAGEM
Visita do candidato a presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva em Recife. Ele participou de ato com a candidata ao governo de PE, Marília Arraes entre outros políticos, acompanhou também o prefeito do Recife João Campos. - FOTO: GUGA MATOS/JC IMAGEM
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Quando Lula (PT) passou por Pernambuco no primeiro turno, ainda nem era o primeiro turno oficialmente. Ele visitou o estado alguns dias antes das convenções. O PSB acreditava que seria um divisor de águas, já que Danilo Cabral (PSB) estava patinando nas pesquisas. No entender dos socialistas, o petista iria declarar apoio à chapa da Frente Popular e os votos chegariam.

Eles não chegaram. O "efeito Lula", na época, durou uma semana, com pequeno crescimento do PSB que não se sustentou. Na programação feita, Lula entregaria a base necessária para que depois, no último dia, a máquina atuasse com as gestões do PSB e entregasse o resto.

Somente metade do plano deu certo. E não foi a parte de Lula. O petista não conseguiu reverter o desejo do eleitorado orgânico da esquerda (ou não se empenhou). O fato é que Danilo subiu no último dia com a força das máquinas, mas terminou em quarto lugar.

A pergunta deste segundo turno, com a passagem do ex-presidente pelo Recife arrastando uma multidão, é se agora ele conseguirá reverter a desvantagem de Marília Arraes (SD) nas pesquisas atuais. Na entrevista coletiva, Lula citou Raquel Lyra (PSDB) dizendo que não a conhecia e não podia falar mal dela. Ele sabe que parte da votação dele ficou com a ex-prefeita de Caruaru no primeiro turno e não quer arriscar brigar com esses eleitores.

Ele não voltará a Pernambuco até a votação, já cumpriu o combinado com a neta de Arraes, agora apoiada pelo PSB de Paulo Câmara, João Campos e companhia. Daqui pra frente, ela terá que se virar nos 14 dias até a urna.

A questão de todos hoje: dependendo do “efeito Lula” nas pesquisas locais, quanto tempo ele irá durar?

PP com Raquel

O apoio de Eduardo da Fonte (PP), e do partido que ele comanda em Pernambuco, à Raquel Lyra (PSDB) e Priscila Krause (Cidadania) carrega um significado que vai além da boa bancada de deputados estaduais eleitos: Dudu da Fonte não abre as velas da embarcação dele em lugar que não tem vento. Só arrisca onde vê maior chance de vitória.

O leitor e a leitora podem perguntar, então, porque ele ficou com o PSB, se Danilo Cabral (PSB) perdeu a eleição? A resposta é que, no primeiro turno, o objetivo era se reeleger e garantir a eleição do filho para o mesmo cargo. Então, ele venceu, porque cumpriu os dois objetivos.

O PSB dava as condições para que ele alcançasse isso. Agora, do ponto de vista de Eduardo da Fonte, que é famoso por saber fazer contas na eleição, Raquel oferece as melhores condições. É sintomático.

Vale lembrar que, no início do primeiro turno, quando as chapas estavam sendo definidas, ele quase declarou apoio à Marília, mas entendeu que não elegeria o filho numa composição com ela. De fato, Marília Arraes só conseguiu eleger a irmã dela, Maria Arraes (SD), e o irmão do vice, Waldemar Oliveira (Avante). Ainda assim, a votação de Maria foi muito abaixo da expectativa. Fabíola Cabral (SD), que era tida como um nome certo para a bancada federal, ficou de fora.

Base na Alepe

Para além disso, o apoio declarado acaba fortalecendo a posição de Raquel num eventual governo, dentro da Alepe. Quando a disputa do primeiro turno acabou, Marília Arraes (SD) conseguiu eleger três deputados estaduais de seu grupo. Já Raquel Lyra (PSDB) elegeu, também, três deputados estaduais pelo PSDB. Assim que iniciou o segundo turno, Raquel conquistou o apoio do União Brasil, vendo crescer sua potencial base de apoio no Legislativo em mais cinco deputados eleitos pelo UB. Agora, com o PP, Raquel pode acrescentar mais oito deputados. O partido de Eduardo da Fonte só perdeu para o PSB em número de eleitos na Alepe.

É preciso lembrar que alguns deputados eleitos nessas siglas declararam voto em Marília Arraes. Da mesma forma, deputados do PSB se dividiram, alguns apoiando Marília e outros apoiando Raquel, apesar de o PSB ter dado apoio enviesado à neta de Arraes, até hoje sem citá-la diretamente. O apoio dos presidentes das siglas, no entanto, é fundamental para direcionar as votações no futuro e, nesse ponto, Raquel está em vantagem.

A tucana teve declaração de apoio do PP e do União Brasil, com 13 eleitos para a Alepe. Marília recebeu apoio do PT, Republicanos, PCdoB e do PSOL. Somadas, essas siglas elegeram sete deputados estaduais.

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