Cena Política

Cena Política: Pesquisa e debate movimentaram a eleição de Pernambuco

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (19)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 19/10/2022 às 0:01
RENATO RAMOS/JC IMAGEM
DEBATE CNN/FIEPE DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: RAQUEL LIRA x MARÍLIA ARRAES. - FOTO: RENATO RAMOS/JC IMAGEM
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A pesquisa Real Time Big Data publicada nesta terça-feira (18), com números para o governo de Pernambuco tem uma boa notícia para Marília Arraes (SD) e outra para Raquel Lyra (PSDB).

A de Marília é bem óbvia e mostra uma recuperação da candidata, depois de ter ficado 19 pontos percentuais atrás da tucana logo no início deste segundo turno. A diferença caiu oito pontos e isso é um feito considerável.

Como a pesquisa foi feita a partir do dia 15 e Lula (PT) esteve aqui no dia 14, entende-se que a visita ajudou nesse impacto.

Qual a notícia boa para Raquel? A diferença ainda é considerável: são 11 pontos, considerando os votos totais (52% x 41%) e Marília terá que tirar da ex-prefeita de Caruaru se quiser ultrapassá-la.

É possível, mas é um voto mais difícil. Brancos, nulos e indecisos somavam 11% e caíram para 7%. Significa que o crescimento de Marília veio, na proporção de dois para um, basicamente desse grupo que já não estava com Raquel. A tucana perdeu só dois pontos percentuais, dentro da margem de erro.

Mesmo que todos os indecisos votem em Marília, ainda não será suficiente. Ela terá que bater mais em Raquel e tirar votos dela em maior proporção, diretamente. 

Uma fonte da coluna, questionada sobre o impacto do resultado, brincou com uma frase cômica de uma antiga novela: “o problema é que o tempo urge e a Sapucaí é curta”. Ele quis dizer que a diferença é grande para ser tirada daqui pra frente e faltam 12 dias para a votação. 

Não é impossível, mas é um trabalho duro.

Paulo no debate

Se fosse para ser justo, Paulo Câmara (PSB) deveria ter sido convidado para o debate promovido pela Fiepe com as candidatas ao governo de Pernambuco. Mais que isso, deveria ter uma cadeira e ter ao menos 40 minutos de direito de resposta.

O governador de Pernambuco foi transformado em protagonista pelas duas candidatas. Cada uma querendo jogar a rejeição dele no colo da outra. Nem nos programas eleitorais de Paulo em 2018 e 2014 se falou tanto nele próprio.

Era esperado que Raquel Lyra (PSDB) fizesse isso com Marília (SD) já que o PSB de Paulo declarou voto na neta de Arraes. Mas, foi a candidata do Solidariedade quem começou, tentando ligar a tucana ao governo socialista. Marília chegou a declarar que o apoio de Paulo Câmara a ela própria teria sido uma “armação da tucana”.

A partir daí, as frases “você que é apoiada por Paulo Câmara” e “você que ajudou Paulo Câmara a se eleger” viraram uma rotina sofrida para quem assistia e tinha alguma esperança de vê-las discutindo os problemas do estado.

Mas a postura de Marília chamou a atenção até de gente do próprio governo de Paulo, pego de surpresa pela “agressividade” da candidata. Questionada pela coluna sobre o protagonismo do nome de Paulo Câmara, uma fonte do Palácio do Campo das Princesas confirmou essa surpresa com o comportamento da candidata do Solidariedade, sem entrar em maiores detalhes.

Café

Quando Lula (PT) esteve no Recife, Paulo, Danilo, João Campos e Marília teriam tomado café com ele.

Ou Lula tomou café da manhã várias vezes, ou estavam todos juntos no hotel. Dividiram a mesma mesa, mas em público não apareceram juntos. Marília chegou a justificar que perdeu o elevador e não conseguiu descer com Lula na saída do local.

No debate, o constrangimento ficou evidente quando Marília praticamente admitiu que o PSB tinha declarado apoio a ela, mas que a maioria dos prefeitos estava com Raquel. Seria, na argumentação dela, uma prova de que os socialistas apoiam a adversária e tentavam prejudicá-la com a rejeição de Paulo.

A Frente Popular, é verdade, se dividiu entre as duas. Nesta terça-feira (18) mesmo, Gonzaga Patriota (PSB) declarou apoio à tucana. Antes, Felipe Carreras (PSB) declarou apoio à Marília. Raquel ficou com o MDB e Marília ficou com o PCdoB. É normal que grupos derrotados se dividam num segundo turno, cada um respondendo às particularidades de grupos políticos municipais.

A questão é que Marília estava agitada como se fosse oposição ao PSB de João Campos, com quem fez as pazes há menos de uma semana. O comentário nos bastidores foi que se unir ao PSB era uma condição para ter o apoio de Lula em Pernambuco e ela aceitou, mas que o resultado nas pesquisas internas tinha sido muito ruim. O eleitor não entendeu a reunião Marília/PSB, depois de tanto ódio trocado por anos. Por isso ela estaria tentando jogar o PSB em Raquel.

Se for verdade, preocupa. Ser balão de ensaio para administrar crise familiar é algo que o pernambucano não merece.

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