Cena Política

Cena Política: Marília sem Dilma e o que Lula e Bolsonaro ainda querem

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (20)

Igor Maciel
Cadastrado por
Igor Maciel
Publicado em 20/10/2022 às 0:01
Foto: Diego Nigro/ JC Imagem
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - FOTO: Foto: Diego Nigro/ JC Imagem
Leitura:

O “incompetente motivado” é aquele sujeito que, cheio de boa intenção, quer ajudar e acaba atrapalhando.

Na política, existe também um outro tipo: o “competente dissimulado”. É aquele que finge ajudar, mas acaba atrapalhando.

O PT organizou uma visita de Dilma Rousseff (PT) a Olinda para um ato com Marília Arraes (SD), juntas, abraçadas.

Dilma tem sido escondida até na campanha de Lula. Fala-se nela apenas o essencial para não trazer rejeição. O ex-presidente petista, quando fala do governo do PT, faz questão de esquecer que a companheira existiu e só cita números de 2003 até 2010.

Mas o PT de Pernambuco apostou que ela faria bem à candidata do Solidariedade por aqui e organizou o encontro. Por pura bondade e inocência, claro.

Marília, que deve ter entendido a armadilha, mandou avisar que tem outro compromisso e não vai comparecer.

O problema é que, depois disso, todos os desfechos seriam ruins para a neta de Arraes.

Se Dilma não viesse, foi Marília quem dificultou. Se Dilma viesse e ficasse sozinha, foi Marília quem esnobou. E se as duas caminhassem juntas, Marília abraçaria a rejeição. O PT de Pernambuco jogou bem.

No fim, a ex-presidente cancelou a visita. Mas, fez questão de gravar um vídeo pedindo votos para Marília Arraes. Um "presente" derradeiro para a candidata.

Escolhe a mão que ajuda

Outro detalhe é que a recusa à Dilma, se for confirmada, é mais um episódio em que a neta de Arraes aceita ajuda, mas quer selecionar o apoio.

Ela aceita o PSB, mas só assume João Campos. Aceita o PT, mas só quer Lula.

A falta do outro

Faltando pouco mais de uma semana para a eleição, as campanhas de Lula (PT) e Bolsonaro (PL) entraram numa disputa muito particular pela abstenção do eleitor do outro. A última pesquisa Quaest, traz um dado importante sobre a certeza do voto: 93% dos entrevistados dizem que “não mudam mais o voto, aconteça o que acontecer”.

Entre os eleitores de Lula, o número chega a 94% e entre os eleitores bolsonaristas, 97%.

Com esse percentual e com um grupo muito pequeno de eleitores indicando voto nulo ou branco, o segredo da eleição está em observar a proporção de comparecimento à urna de cada concorrente. Mesmo que Lula tivesse 80% de intenção de voto nas pesquisas, se os eleitores dele não forem votar, seu percentual final, considerando votos válidos, será muito mais baixo. E, mesmo que Bolsonaro apareça com percentual baixo em pesquisas, se o eleitor dele for mais fiel e fizer questão de ir à urna, ele pode crescer bastante.

Não é pelo amor à democracia que, esta semana, as duas campanhas duelam nos bastidores sobre a disponibilização de transporte público gratuito no dia do voto. Quanto mais transporte gratuito houver, maior será a mobilização das camadas mais pobres dos eleitores, entre os quais Lula leva vantagem.

Também não é apenas por solidariedade que os petistas comemoraram tanto a repercussão negativa da entrevista em que Bolsonaro falou sobre venezuelanas e foi associado à pedofilia. Quantos votos Lula ganhou? Nenhum. Mas a campanha lulista percebeu que o assunto ajudava a desmobilizar eleitores conservadores e isso pode ajudar a aumentar a abstenção para o outro lado.

Nos próximos dias e até a eleição, quase não se verá propostas, porque o foco é desmobilizar o eleitorado adversário mais do que buscar novos votos que, pelas pesquisas, não estão mais disponíveis.

Debate na Rádio Jornal

Hoje tem debate na Rádio Jornal com as candidatas ao governo de Pernambuco. O programa será transmitido para todo o estado nas emissoras do SJCC e pelas redes sociais. O debate é mediado pelo comunicador Wagner Gomes e terá participação deste colunista e da jornalista Isabela Barbosa, do SJCC no interior.

Comentários

Últimas notícias