Cena Política

Cena Política: Rejeição de Marília em pesquisa e o prejuízo de Bolsonaro

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (27)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 27/10/2022 às 0:01
RENATO RAMOS/JC IMAGEM
DEBATE NA TV JORNAL DAS CANDIDATAS AO GOVERNO DE PERNAMBUCO MARÍLIA ARRAES(SOLIDARIEDADE) X RAQUEL LYRA(PSDB) - FOTO: RENATO RAMOS/JC IMAGEM
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A pesquisa Ipec, divulgada na terça-feira (25), para o governo de Pernambuco trouxe mais do que uma vantagem de oito pontos percentuais para Raquel Lyra (PSDB) contra Marília Arraes (SD) em votos válidos.

Os dados mais importantes do levantamento estão na rejeição das candidatas, na expectativa de vitória e no resultado da pesquisa espontânea.

Sem discutir acerto ou erro de pesquisa quanto à votação, é preciso olhar com atenção para esses retratos. Lula (PT) esteve em Pernambuco e não há mais como negar que a influência dele sobre Marília não foi algo considerável que virasse o jogo.

A informação é que ele não voltará aqui para pedir votos para ela. E a verdade é que Lula não precisa. O ex-presidente aparece com 69% das intenções de voto, o dobro do que Marília tem na pesquisa espontânea. Significa que Raquel também abriga votos dele, sem nenhum prejuízo para a campanha do PT. O palanque é duplo, mesmo sem ser. Por que vir aqui?

A Ipec traz um dado interessante sobre essa intenção de voto espontânea, aquela em que o eleitor não é informado sobre os nomes das candidatas. Raquel cresceu de 37% para 43%, enquanto Marília foi de 31% para 34%. O acréscimo nas intenções de voto foi o dobro para a tucana em relação à neta de Arraes.

Isso acontece dentro de um período em que, além da visita de Lula, Marília intensificou os ataques à adversária e esperava colher algum fruto desse acirramento.

Deu errado

O tom mais alto da campanha de Marília é muito parecido com o da eleição de 2020, quando era ela quem reclamava de estar sendo atacada pelo primo João Campos (PSB), com quem hoje está reconciliada.

Sempre que um candidato pesa nas pancadas durante uma campanha eleitoral, é preciso medir para não acabar aumentando a própria rejeição no processo. Se os ataques não encontrarem sintonia com a emoção do público naquele momento, pode dar errado. No caso de Marília, o aumento da intensidade dos ataques pode tê-la prejudicado.

A Ipec mostrou um aumento considerável da rejeição da neta de Arraes entre os eleitores pernambucanos. Ela piorou de 32% para 36% em menções negativas. A rejeição a Raquel também piorou, cinco pontos percentuais, indo de 18% para 23%.

Mas, no índice de rejeição, a distância entre quem não vota de jeito nenhum em determinado candidato e quem vota com certeza é o mais importante. Nesse ponto é que está a maior vantagem de Raquel, já que além dos 23% que a rejeitam ela tem 46% de eleitores afirmando que “votarão nela com certeza”. No caso de Marília, há quase um empate: 37% votam nela com certeza e 36% não votam de jeito nenhum.

Expectativa

Tudo isso, nos leva à expectativa de vitória. Dos entrevistados, 57% dizem que acreditam na vitória de Raquel Lyra e 35% acreditam que Marília Arraes vai vencer. Observe que a expectativa de vitória de Raquel é maior do que o percentual de eleitores que dizem votar nela (51%). No caso de Marília (43% de intenções de voto), é menor.

Prejuízo

A pesquisa Quaest, considerada por integrantes da campanha bolsonarista como uma das mais confiáveis nessa eleição, trouxe o tamanho do prejuízo para o presidente por causa do episódio com Roberto Jefferson no último domingo.

O campo da pesquisa, período em que as entrevistas são feitas, deu-se justamente após o ataque do ex-deputado contra policiais federais, usando um fuzil e granadas, no domingo.

Segundo a Quaest, a rejeição bolsonarista aumentou de 46% para 49%.

Esse índice é o mais importante, num momento em que a certeza de voto está cristalizada entre os eleitores. É preciso diminuir a rejeição para não desmobilizar seu próprio eleitorado.

O trabalho que a campanha estava fazendo neste segundo turno vinha dando resultado. A rejeição a Bolsonaro, que já foi de 55% no fim do primeiro turno, empatou com a rejeição a Lula (PT) quando o atual presidente ficou menos raivoso.

A ideia era transmitir o sentimento de que o eleitor de centro não precisava votar em Lula porque Bolsonaro pode ser equilibrado. Mas, durou pouco.

O próprio Bolsonaro atrapalhou quando se envolveu na polêmica das “meninas venezuelanas”.

Logo em seguida, Paulo Guedes, ministro da Fazenda, falou em mudar o regime de reajuste do salário mínimo, o que trouxe mais rejeição à campanha.

Roberto Jefferson fechou a conta do prejuízo com a insanidade dominical, faltando uma semana para a ida às urnas.

Não está fácil trabalhar na equipe que tenta a reeleição do presidente.

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