Cena Política

Cena Política: A relevância irrelevante do PT de Pernambuco com suas rinhas

O partido conseguiu eleger Teresa para o Senado, mas não teve forças para ajudar o candidato a governador da chapa, Danilo Cabral (PSB), nem Marília Arraes (SD) depois.

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 03/11/2022 às 0:01
LEO CALDAS/DIVULGAÇÃO
Marília Arraes e Humberto Costa durante ato de campanha, nas eleições 2022 - FOTO: LEO CALDAS/DIVULGAÇÃO
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O PT é tudo sem ser nada. O partido, por si, não consegue protagonismo e a vitória de Lula (PT) comprova isso. O protagonismo é do ex-presidente. Os petistas só não foram extintos com a prisão de seu líder, exatamente porque abriram mão do país em 2018 para tentar salvá-lo. E somente ele podia salvar o PT.

Em Pernambuco há uma situação bem característica dessa relevância irrelevante. Na única vez em que ficou sob os principais holofotes, João Paulo (PT) foi prefeito do Recife por oito anos. Terminou a gestão com tamanha popularidade que elegeu fácil o sucessor, João da Costa (PT). E aqui entra a característica que melhor define o PT pernambucano e também no Brasil: É uma rinha constante. O PT é um saco de gatos. É como se os integrantes precisassem não se entender para poder respirar.

João da Costa foi boicotado por aliados e pelos próprios colegas petistas, todos de olho em suas próprias ambições. O PSB tinha gente na gestão petista que vazava informações para gerar crises. Mas era o próprio PT quem mais atrapalhava, com João Paulo, que passou de criador a inimigo, e com Humberto Costa (PT). A briga gerou uma situação bizarra. O prefeito petista foi impedido de se candidatar à própria reeleição. João Paulo virou vice de Humberto e os dois, juntos, foram derrotados por Geraldo Julio (PSB).

Recentemente, quando Teresa Leitão (PT) alinhou seu nome para a disputa pelo Senado, uma fonte no PT explicava que ela queria vencer a eleição, lógico, mas o maior interesse era medir forças com Humberto Costa internamente. Ser senadora, igual a ele, ajudava nisso. A fonte brincou: “Se derem a ela a chance de escolher entre ser presidente da República em Brasília ou presidente do PT em Pernambuco, ela vai pensar muito antes de decidir e muito provavelmente escolherá ser presidente do PT local”.

A relevância irrelevante do PT ficou pronunciada nesta eleição que se encerrou. O partido conseguiu eleger Teresa para o Senado, mas não teve forças para ajudar o candidato a governador da chapa, Danilo Cabral (PSB). O motivo: briga interna.

Parte da militância estava com Marília Arraes (SD) depois que ela brigou tanto dentro da sigla até sair e trocar de partido. Há quem diga que o PT é um ônibus, difícil de guiar, no qual o motorista é obrigado a planejar um percurso que agrade a todos os passageiros, sendo que ninguém vai para o mesmo lugar, ninguém tem o mesmo destino.

No segundo turno da mesma eleição, outra curiosidade. Já que os petistas recusaram Danilo Cabral e queriam Marília Arraes, Humberto coordenou para que o partido apoiasse Marília. Ele não estava feliz, ele foi obrigado a engolir porque Lula assim determinou. Tudo resolvido? Não.

Boa parte dos petistas votou em Raquel Lyra (PSDB).

Há quem diga que até Humberto votou em Raquel.

Sim, porque ele era a outra parte em todas as brigas internas de Marília Arraes desde que ela se mudou do PSB para o partido de Lula.

Em Pernambuco, seja com o PSB, Marília ou com Raquel Lyra, o PT vai passar mais um bom tempo cumprindo sua sina de coadjuvante.

E nacionalmente, o PT é o partido que tem a segunda maior bancada do país na Câmara e tem o presidente da República, mas nada disso é garantia de paz.

Se existem dúvidas acerca do sucesso do governo Lula, e existem, a única certeza é que, caso dê certo e seja exitoso, será apesar do PT.

Paulo Câmara

A fatia do PSB no bolo do novo governo pode incluir Paulo Câmara (PSB). O atual governador de Pernambuco é um dos cotados, junto com Márcio França (PSB-SP). O primeiro não disputou o Senado este ano, abrindo caminho para Teresa Leitão (PT). O segundo era candidato ao governo de SP, mas desistiu para tentar ajudar Fernando Haddad (PT) e se candidatou ao Senado. Ambos perderam. Se o sacrifício deles será recompensado, é o que o novo ministério responderá. Fazenda, Planejamento e Indústria e Comércio são as pastas para as quais eles são cotados.

Comandante

Um militar de alta patente, com bom trânsito nas Forças Armadas, afirma que o comandante militar do Nordeste, Richard Nunes, seria uma ótima escolha para o Comando Geral do Exército no governo Lula, como já foi ventilado, mas dificilmente será escolhido. Segundo esta fonte, quebraria a cadeia de comando. Há outros dois na fila, à frente dele.

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