Cena Política

Cena Política: A batalha pelo lugar em que o união Brasil vai sentar em Brasília

Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (8)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 08/11/2022 às 0:01
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM - MICHEL JESUS/AGÊNCIA CÂMARA
Mendonça Filho fará parte da ala do União Brasil que será oposição ao governo Lula - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM - MICHEL JESUS/AGÊNCIA CÂMARA
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Mendonça Filho (UB) é um dos principais opositores à iniciativa de Luciano Bivar (UB) de levar o União Brasil para a base de Lula (PT).

Não por acaso.

Mendonça tem experiência na oposição ao PT e uma agenda articulada em Brasília que o manteve dentro do jogo por quatro anos, mesmo estando sem mandato. Não é algo que se possa ignorar. Essa agenda e essa experiência fazem com que ele venha a ser um nome de muito destaque na oposição ao petista. Existe a possibilidade de ser até líder da oposição.

Isso pode ocorrer porque o PL, apesar de ser o partido de Bolsonaro, pertence a Valdemar Costa Neto. E o seu dono já tem dado sinais de que não quer ficar muito distante do poder. Há quem acredite que a oposição do PL, se muito, vai durar só até a próxima janela partidária, quando apresentará a porta da rua para os bolsonaristas mais fiéis e para o próprio Bolsonaro, rumando com o governo.

Esse caminho só será possível se Valdemar conseguir não atrapalhar o governo e o primeiro passo é não assumir a liderança da oposição para não atrair holofotes nesse sentido. Mendonça, então, com o União fora da base, teria chance.

Há questões regionais também. O deputado pernambucano, que já foi candidato à prefeitura do Recife em 2020, não esconde a possibilidade de disputar o cargo outra vez.

E aí, é preciso mergulhar nos números da eleição de 2022. Em Pernambuco, Lula teve 66% dos votos no segundo turno e Bolsonaro chegou a 33%. Mas, no Recife, Bolsonaro teve dez pontos percentuais a mais. E Lula teve dez pontos a menos na comparação com o estado. Com a direita juntando 43% da votação na capital, os ventos podem apontar por esse caminho e isso pode influenciar na escolha da governadora Raquel Lyra (PSDB) daqui a dois anos.

No segundo turno, Mendonça a apoiou junto com Miguel Coelho (UB), que disputou o governo na primeira parte da campanha em palanque oposto.

A primeira opção de Raquel para disputar o Recife em 2024 é Daniel Coelho (Cidadania), que tem uma trajetória mais ligada à centro-esquerda. Isso é hoje. Amanhã não se sabe.

Até porque o próprio PSDB, da governadora eleita de Pernambuco, está rumando também para a oposição a Lula no Congresso.

PSDB

Raquel, inclusive, teve papel de destaque na reunião do PSDB nacional, junto com Eduardo Leite (PSDB), governador eleito do Rio Grande do Sul. Os dois são os nomes mais importantes do partido ao fim desta eleição.

Conseguiram se eleger ignorando a polarização que terminou em resultado tão apertado no país. Ela abriu grande vantagem num estado do Nordeste, sofrendo pressão da adversária pelo uso da popularidade de Lula na região. Mesmo assim, terminou com 17 pontos percentuais à frente de Marília Arraes (SD). Leite fez o mesmo, contra o pólo inverso, abriu quase 15 pontos contra um candidato alinhado a Bolsonaro no Sul, onde o bolsonarismo é mais forte.

Os tucanos conversaram e devem ficar mesmo fora da base de Lula, mas sem alinhamento com o bolsonarismo. A bancada do PSDB terminou muito reduzida e terá pouca força, há deputados mais à esquerda e outros mais à direita.

O melhor caminho é não se amarrar com ninguém por enquanto.

Leite

A propósito: Eduardo Leite deve disputar o posto de presidente nacional do PSDB em 2023 contra Aécio Neves (PSDB), com a saída de Bruno Araújo. O governador eleito do RS deve, inclusive, contar com o apoio da colega de Pernambuco, Raquel Lyra.

Rodrigo

O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSDB), só teve boas notícias na eleição de 2022. Após um início de campanha cheio de crises internas, quando até sua lealdade chegou a ser questionada, ao receber candidatos adversários de Raquel em Caruaru, o aliado ajudou a consolidar a votação para ela na cidade. A governadora eleita teve 83% dos votos na cidade.

Fora isso, ainda viu todos os seus pretensos concorrentes de uma eleição futura serem derrotados e/ou saírem enfraquecidos. José Queiroz (PDT), Tony Gel (PSB), Tonynho (MDB) e Delegado Lessa (PP) ficaram sem mandato. Wolney Queiroz (PDT) até teve boa votação na cidade, mas não foi reeleito deputado federal.

O único reeleito, Fernando Rodolfo (PL), viu sua votação na cidade cair de 28,5 mil votos em 2018 para 6 mil, ficando inviabilizado também.

Rodrigo é considerado o único nome certo de Raquel Lyra para as eleições municipais.

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