Cena Política

Cena Política: Quem será o líder da direita brasileira após Bolsonaro?

Confira a coluna Cena Política desta quarta-feira (9)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 09/11/2022 às 0:01
ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
ALVORADA Jair Bolsonaro recebe o apoio do governador de Minas Gerais Romeu Zema para o segundo turno - FOTO: ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
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Jair Bolsonaro (PL) é um ex-presidente no exercício do cargo. Após oito dias do resultado das eleições, o isolamento por iniciativa própria do principal líder da direita brasileira dá a entender que esse posto de liderança é algo que não o interessa mais para o futuro.

Apesar de ter se colocado dessa forma quando foi praticamente obrigado a se pronunciar e dar início ao processo de transição, Bolsonaro se afastou do trabalho que lhe restava neste mandato. Nenhuma derrota é definitiva, salvo se o derrotado se recolhe.

Não é apenas a impressão do público, mas também do meio político. Tanto que começaram a surgir substitutos todos os dias para o papel que deveria ser do atual presidente. Agradando à ala mais radical da direita, Carla Zambelli (PL) já se ofereceu para ser líder do PL na Câmara e prometeu ser voz ativa contra o governo Lula (PT). Os episódios polêmicos nos quais se envolveu são um limitador, porém.

Como líder de um público que vai além dos radicais, a Zambelli que corre armada na rua e aponta uma pistola para clientes de restaurante, como aconteceu na reta final da campanha, teria sérios problemas.

Outros nomes do grupo também têm esse perfil mais radical. É um reflexo da necessidade de sobrevivência imposta pelo bolsonarismo dos últimos anos para a reeleição no Legislativo. Quem não se apegou a esse grupo menos racional, corria o risco de não ter boa votação e não confirmar a permanência nos cargos de deputado e senador.

Foi com esse nível de fidelidade que Gilson Machado (PL) conquistou votação extraordinária em Pernambuco, mas não conseguiu se eleger senador. Caso tivesse sido candidato a deputado federal, teria alcançado, talvez, o maior número de votos da História do estado. E ele não foi porque, dentro da necessidade de ser fiel ao bolsonarismo, atendeu o pedido do chefe para disputar o Senado.

É nesse vácuo de equilíbrio que surge a figura de Romeu Zema (Novo). O governador reeleito de Minas Gerais percebeu o espaço ainda no primeiro turno. Com um estado dividido, conseguiu se reeleger sem a necessidade de um segundo turno, dando sinais ambíguos sobre quem apoiava para presidente. Havia propagandas dele com Lula e com Bolsonaro, dependendo da região do estado.

Essa mineirice deu certo, porque o território mineiro sofre influências de várias regiões do país. O norte é petista pela influência do Nordeste, o sul e o oeste são bolsonaristas, o leste se divide. E Zema teve 56% dos votos.

O adversário dele, Kalil (PSD), tinha o apoio expresso de Lula (PT). Lula venceu no estado. E Kalil ficou pelo caminho.

O problema para Zema é algo que, facilmente, pode ser resolvido no futuro. O partido Novo tem um regimento peculiar. Ele não permite, por exemplo, que qualquer filiado dispute um cargo público mais do que duas vezes. Como já é governador pela segunda vez, teria que se aposentar. Mas, é claro, basta mudar o regimento ou mudar de partido.

A segunda opção é mais viável, já que o Novo se inviabilizou no Congresso. O partido não atingiu as cláusulas de desempenho em 2022. As chances de Zema liderar a direita brasileira aumentaram com a derrota de Bolsonaro. O governador de Minas declarou apoio a ele no segundo turno e não entregou os votos que eram esperados. Há quem acredite que foi de propósito.

De qualquer forma, a eleição de 2026 já começou.

João Lyra

Numa entrevista à Rádio Jornal Caruaru, ontem, o ex-governador João Lyra Neto (PSDB) contou uma história de quando se surpreendeu com a filha Raquel Lyra (PSDB). “Minha primeira campanha para prefeito, Raquel tinha 10 anos, fizemos uma caminhada em Caruaru, com as crianças, no encerramento já, antes da votação. No meio do comício ela vira pra mim e diz: painho, eu quero falar. Eu não sabia de nada, que ela não me avisou antes, mas foi lá e fez discurso”, contou orgulhoso. Hoje, Raquel é a governadora eleita do estado.

Tem dinheiro?

Na entrevista, ao programa Além da Notícia, ainda houve críticas à atual gestão: “Se o governo Paulo Câmara é tão mal avaliado e se tem mesmo reserva financeira, mostra uma absoluta incapacidade administrativa e de gestão. Como é que o governo tem reserva de caixa e não faz as obras que o povo precisa? Vamos saber na transição”, disparou.

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