Hoje, o PSB é um partido rachado, que fez uma bancada pequena na Câmara Federal, que não elegeu ninguém na majoritária em São Paulo e nem em Pernambuco, suas duas maiores praças. Mesmo assim, tenta seguir falando alto e cobrando faturas políticas que não condizem com a atual realidade. Pior, resolveu brigar internamente.
Desde a morte de Eduardo Campos, a sigla foi enfraquecendo ao longo das eleições.
Em 2020, mesmo em Pernambuco, onde manteve a capital sob seu domínio, os socialistas perderam vários municípios no interior. Nos maiores, nem se arriscaram. Em Petrolina ficaram sem candidato e em Caruaru, criaram uma candidatura só para constar, sem nem terem destinado recursos suficientes para a disputa local. Em Jaboatão dos Guararapes foi parecido.
A perda de poder não é algo que acontece de uma hora para outra. Vai aos poucos, numa espécie de decomposição lenta e gradual. Primeiro os quadros de vereadores foram reduzindo, depois prefeitos, até o PSB perder o Governo do Estado em 2022.
A votação da bancada federal também foi sendo reduzida aos poucos. Em 2014, o PSB de Pernambuco elegeu oito deputados federais e eles tiveram, juntos, mais de 1,2 milhão de votos no estado.
Em 2018, o número de eleitos caiu e o partido fez apenas cinco deputados federais em Pernambuco, mas a votação também foi reduzida para pouco mais de 900 mil votos.
Agora, a bancada continua com cinco deputados do PSB de Pernambuco e a votação voltou a diminuir. Os socialistas tiveram pouco mais de 700 mil votos para toda a chapa.
O PSB de Pernambuco foi perdendo entre 200 e 300 mil votos a cada quatro anos nas eleições para a Câmara Federal. É uma deterioração do capital eleitoral que deveria estar sendo vista com muita preocupação pelos integrantes do partido. Ao invés disso, o PSB está em contenda interna.
O anúncio de Felipe Carreras (PSB), futuro líder do PSB na Câmara Federal, de que Márcio França (PSB) é o nome dos socialistas para o ministério de Lula (PT) é um capítulo importante dessa briga.
Um dos objetivos do apoio a França em detrimento de Paulo Câmara (PSB) é isolar o governador de Pernambuco. João Campos (PSB) seria o maior interessado em enfraquecer a figura de Paulo para não deixá-lo ter muito protagonismo dentro do PSB. Uma fonte da coluna, que conversa muito com o PT nacional, explicou que João estaria “tentando queimar Paulo com Lula dentro do grupo de transição e, aparentemente, estava conseguindo”.
O movimento está sendo criticado internamente, pelos próprios socialistas. Para eles, com o objetivo de garantir o próprio poder dentro do partido, João estaria reduzindo a participação de Pernambuco num governo federal e fortalecendo São Paulo. “Dos 14 deputados federais do PSB, Pernambuco tem um terço das cadeiras, portanto tem a maior representatividade e deveria usar isso para se fortalecer, mas João está fortalecendo apenas a ele próprio, num acordo com Márcio França, de São Paulo”, reclama um socialista.
Alguns, dentro do próprio PSB, vão além e acusam o prefeito do Recife de estar de olho em um acordo com França que garantiria a ele (João) o controle da Codevasf, aquele órgão que ficou famoso por denúncias de irregularidades no repasse de verbas do Orçamento Secreto no Nordeste, escândalo conhecido como “Tratoraço”, e que foi comandado pelo grupo de Fernando Bezerra Coelho (MDB).
Detalhe é que, neste plano, o nome de quem vai comandar a Codevasf até já estaria escolhido: seria Geraldo Julio (PSB), ex-prefeito do Recife, antecessor de João e adversário de Paulo Câmara dentro do PSB.
Geraldo, inclusive, esteve em Brasília, recentemente, numa reunião na Fundação João Mangabeira, do PSB, junto com Felipe Carreras e Márcio França. O registro (foto nesta página) foi publicado nas redes sociais do deputado federal eleito Guilherme Uchoa Júnior (PSB), que também estava por lá.
Contra isolamento
O controle da Codevasf seria, segundo uma fonte socialista, a maneira que João Campos estaria encontrando para não ficar completamente isolado na disputa pela prefeitura do Recife em 2024.
Mas, dentro do partido há quem já esteja reclamando dos atritos que isso pode causar.
Tábata
A preferência por Márcio França e não por Paulo para a indicação ao ministério também teria outro motivo, segundo outra fonte socialista. A namorada de João, a deputada federal Tábata Amaral (PSB), pretende ser candidata à prefeitura de São Paulo.
Com Márcio França ministro, a concorrência diminui para ela em 2024.
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