Cena Política

A picanha e a cerveja prometidas na campanha de Lula devem demorar a chegar na mesa dos brasileiros

Confira a coluna Cena Política desta terça-feira (6)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 06/12/2022 às 0:01
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Dilma foi alvo de impeachment em 2016 e a condução da política econômica em seu governo é contestada - FOTO: REPRODUÇÃO
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A julgar pelo texto que deve ser aprovado no Congresso, com a PEC da Transição furando o teto fiscal por dois anos para poder pagar o Bolsa Família, o combo eleitoral “picanha e a cerveja” deve demorar um pouco para virar realidade no governo petista.

É que o PT insiste com a impossibilidade incontornável de que a liberação para gastar mais do que o orçamento dure somente um ano. Dois anos é o mínimo para eles que, espertamente, propuseram algo sem fim, inicialmente, e trabalharam por um prazo de “ao menos” quatro anos como alternativa.

Agora dizem que dois anos tudo bem, mas um ano não dá.

O que se está discutindo é por quanto tempo vamos gastar mais do que arrecadamos e qual será o tamanho do rombo fiscal no fim da brincadeira. O relator do orçamento calcula que pode chegar a R$ 175 bilhões em 24 meses. Se estamos falando de emergência e o PT diz que não consegue sanar a emergência em menos do que dois anos, significa que as contas não vão se organizar antes disso. Significa também que a conversa de “picanha e cerveja” é algo que não vai ser realidade para a maioria dos brasileiros, pelo menos, antes de 2025.

Não se trata de ignorar a necessidade de alívio financeiro para pagar o Bolsa Família, necessário para a sobrevivência de muita gente, mas da responsabilidade para não gastar tanto ao ponto de aumentar a inflação de maneira descontrolada. Não existe dinheiro de graça, não existe criatividade para enquadrar a matemática no médio prazo.

Lula pode sair do governo, em 2026, com a aprovação maior que 80%, mas deixar um abacaxi para o sucessor, como saiu do segundo mandato e deixou para Dilma Rousseff (PT) em 2010. Na época, Dilma tentou usar a criatividade com a matemática e sabemos o que aconteceu.

França

Apesar do trabalho árduo de João Campos (PSB), não está fácil confirmar Márcio França (PSB) como ministro das Cidades no governo Lula (PT). O PT segue argumentando que Flávio Dino (PSB) será ministro da Justiça e os socialistas deveriam ficar gratos com isso, já que não conseguiram grande coisa com “apenas 14 deputados na bancada federal” para oferecer ao governo.

A preferência de João por Márcio França em detrimento de Paulo Câmara (PSB) tem algumas explicações já trazidas aqui na coluna.

A primeira é para enfraquecer Paulo nacionalmente e isolar ele no PSB. A segunda é tirar França da futura disputa pela prefeitura paulistana.

A namorada de João, Tábata Amaral (PSB), deve ser candidata à prefeitura de São Paulo e o plano é afastar a concorrência.

Cargo bom

Ninguém duvida que Márcio França terá algum espaço no governo Lula. Mas o plano só funciona para Tábata se for um ministério muito bom para o ex-governador, com grande volume de cargos e recursos, como o ministério das Cidades.

Se for um cargo com menos influência, ele pode preferir brigar pela prefeitura com ela.

Local

Ao contrário da transição nacional, que já começa a detalhar alguns perfis e até nomes certos para alguns ministérios. Em Pernambuco, pouco ou quase nada se sabe do secretariado de Raquel Lyra (PSDB).

A promessa é que alguns nomes sejam liberados até o dia 15 de dezembro. Mas, ainda é incerto. Em Caruaru, apesar da diferença na complexidade da gestão é importante comparar, Raquel chegou a convidar gente para o secretariado no dia 31 de dezembro, horas antes da posse.

Espaço Ciência

Em mais um capítulo da novela da doação do terreno do Espaço Ciência, descobriu-se agora que a doação para uma empresa privada que iria instalar um cabo submarino e um data center no local estava sendo feita às pressas e sem consulta prévia ao Iphan, como exige a legislação. Em 18 de novembro, a procuradora do Ministério Público de Contas em Pernambuco, Germana Laureano, já tinha alertado que a manifestação do Iphan era necessária.

Houve reclamação da equipe de transição, liderada por Priscila Krause (Cidadania) e também da própria governadora eleita, sobre a forma apressada e pouco transparente com a qual o governo estava tratando a situação.

Agora o Iphan se manifestou em nota técnica e afirmou que o espaço é uma área “non aedificandi”, que deve ser preservada porque faz parte do Sítio Histórico de Olinda.

No texto, o Iphan sugere que a obra seja feita na antiga Fábrica Tacaruna, próximo ao local. Mas, o terreno não deve ser utilizado.

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