Prestes a ser anunciado ministro da Defesa, o pernambucano José Múcio Monteiro deu mostras de que era o nome certo para o cargo, ainda bem antes de ser confirmado internamente para a pasta.
Havia uma grande preocupação sobre a transição nas Forças Armadas, principalmente depois que várias denúncias pipocaram nos últimos meses sobre compras de próteses penianas e Viagra, entre outras coisas.
Polêmicas foram levantadas também sobre os salários dos oficiais que trabalham com Bolsonaro (PL). Braga Netto (PL), atual chefe da Casa Civil e candidato a vice-presidente este ano, teria recebido mais de R$ 100 mil como salário e gratificações em um mês.
Nas reuniões da Equipe de Transição isso seria levantado. A transição funciona em parte para tomar pé da saúde administrativa da gestão e em parte para criar vacinas eficazes que protejam o novo governo.
Faz parte disso desenterrar polêmicas e jogá-las no ventilador. Imagine qual seria o efeito de o novo governo ficar requentando polêmicas usadas na campanha eleitoral.
Foi no meio dessa discussão que Múcio começou a ajudar Lula e os petistas. O ex-ministro, famoso por ser um conciliador, fez com que todos enxergassem que não interessava a ninguém criar novos atritos com os militares e que o mais importante agora era pacificar o ambiente.
Entre as atitudes necessárias, a primeira era evitar que houvesse gestão de transição no âmbito civil para as Forças Armadas. Nada de grupinho levantando contas, nada de apresentação de Power Point com os gastos militares ou parlamentares havidos por holofotes prometendo "moralizar o Exército".
Os comandantes que cuidem de suas transições, internamente, teria sido um dos argumentos de Múcio.
Sem grupo e sem holofote
Foi por isso que nenhum Grupo de Trabalho foi criado para cuidar do Ministério da Defesa, desde o início. E é por isso que Múcio será um dos primeiros a ser anunciado ministro, colocando fim a qualquer especulação que desestabilize a relação com Exército, Marinha e Aeronáutica.
Nas últimas semanas, com tudo já certo para ocupar o espaço, Múcio trabalhou fazendo essa transição, sem grupo, sem alarde, sem relatórios, sem entrevistas coletivas espalhafatosas, apenas conversando e acertando detalhes da mudança do governo com os atuais e os futuros comandantes.
Trabalhou duro e a prova é que já está com os nomes do oficiais que vão comandar as três forças e o Estado-Maior, tudo fruto de um consenso que vai contemplar os mais antigos da lista, sem interferência política indevida.
Os futuros comandantes, inclusive, devem ser apresentados a Lula imediatamente após a confirmação de Múcio como ministro.
Por que Moraes segue cotado?
O Progressistas continua insistindo, dentro da Alepe, na candidatura de Antônio Moraes (PP) para a presidência da Casa, mesmo depois que Álvaro Porto (PSDB) foi lançado.
Sendo do mesmo partido da governadora Raquel Lyra, ele levaria uma vantagem natural. Os outros dois estaduais eleitos pelo PSDB, Débora Almeida e Izaias Regis, foram eleitos agora. Porto, reeleito, é veterano.
Mas, a candidatura de Antônio Moraes se manteve ativa nos bastidores por dois motivos: o primeiro, segundo uma fonte que conversou com a coluna, é que o tucano não é exatamente uma unanimidade entre os colegas. Alguns teriam dificuldades para votar nele.
A outra é que Raquel Lyra não interferiu no processo. “Se ela disser que o candidato é Porto ou Débora ou seja quem for, este seria eleito. Mas, como ela não determinou nada, Moraes vai se mantendo no páreo”, explicou.
Maioria ampla
Hoje, dos 49 deputados estaduais, Raquel pode chegar a formar uma base com até 40 deputados. Para isso dar certo, ainda segundo essa fonte, é melhor mesmo que ela “não se envolva diretamente na eleição da mesa”.
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