Cena Política

Diplomação marca cobrança maior por equipe de Raquel. Doze dias para a posse e os únicos nomes são os das eleitas

Durante o evento da diplomação, uma fonte chegou a comentar que ela deve apresentar alguns nomes esta semana. Mas, tudo está na "cabeça da governadora".

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 20/12/2022 às 0:01 | Atualizado em 20/12/2022 às 9:56
GUGA MATOS/ JC IMAGEM
DIPLOMAÇÃO RAQUEL LYRA, GOVERNADORA ELEITA DE PERNAMBUCO - FOTO: GUGA MATOS/ JC IMAGEM

Entendeu-se, embora seja questionável, que o tempo decorrido entre a vitória nas urnas e a diplomação era necessário para que a governadora eleita, Raquel Lyra (PSDB), planejasse sua gestão e conversasse com aliados sobre a formação do governo.

É questionável porque o tempo é longo e ao menos as diretrizes deveriam estar postas. Mas, entende-se que a campanha de 2022, para Raquel mais do que ninguém, foi atípica e não pode ser medida com um diapasão habitual.

Agora, estando diplomada, é preciso acelerar. Ela já conversou bastante com alguns aliados, mas não definiu publicamente nada. Nem mesmo chegou a comentar nada nos bastidores. Quem conversou com ela, como Miguel Coelho (UB), saiu sem uma definição, pelo que se soube.

Ao longo das últimas semanas foi especulado que ele gostaria de ficar na secretaria de Desenvolvimento Econômico ou na Infraestrutura. Depois, não se falou mais no assunto. A posição de Daniel Coelho (Cidadania) estaria em discussão também. Ele foi citado como provável secretário da Casa Civil, que tem entre suas atribuições a articulação com a Alepe. A possibilidade, porém, gerou reclamações entre deputados estaduais.

E não se falou mais no assunto, por enquanto. A ausência de movimento ativo na articulação política é tão evidente que nem os rumores sobre as negociações partidárias existem.

Um exemplo é a transição nacional. Surgem, aqui e ali, as informações sobre um partido que gostaria de ficar com este ou aquele ministério. Em Pernambuco, nem isso. A impressão é que tudo o que está sendo feito é planejado e executado dentro de um grupo muito restrito.

Mas, o que tem incomodado de verdade é a ausência de diretrizes. Em que direção vai a Educação, a Saúde e a Segurança Pública? Quem vai cuidar de levantar a economia do estado? Com o Natal se aproximando, nem mesmo uma ampliação da equipe de transição, para a discussão de temas específicos, que havia sido comentada nos bastidores, aconteceu. E o calendário já nem comporta mais isso.

Durante o evento da diplomação, uma fonte chegou a comentar que ela deve apresentar alguns nomes esta semana. Mas, a própria fonte disse que não garante nada. A impressão é que ninguém tem muita ideia do que está sendo planejado, faltando 12 dias ara 2023.

Do balão de ensaio

Quando se lida com um sistema complexo como uma gestão estadual, é importante testar formações e ideias, para evitar crises futuras.

Mais uma vez, o governo de transição nacional pode servir de exemplo. Nos dias que antecedem a lista final do ministério, Lula (PT) faz circular possibilidades e vai testando o humor do mercado e da opinião pública. Isso impede uma tomada de decisão que pode gerar desgaste. Fernando Haddad (PT) no Ministério da Fazenda, por mais que tenha gerado alguma repercussão ruim, foi um risco bem calculado, porque o nome circulou nos bastidores antes.

Com Raquel, há o risco de acontecer o contrário. Como nada é dito, criam-se expectativas não concretizadas com bons nomes e tudo acaba em decepção. Um exemplo foi Mozart Ramos. Os boatos sobre o professor ser o próximo secretário de Educação deixaram muitos extremamente esperançosos, ontem. Mas nunca houve convite e ele não estará no governo.

Não existe vácuo no poder. Comunicação é um poder. Ou você o controla ou ele controla você. É melhor controlar a informação do que viver sendo surpreendido e prejudicado por ela. Isso é básico.

Diplomação

No evento em que foram diplomados os deputados eleitos em Pernambuco, além da senadora e da governadora, chamou atenção a relação amistosa, durante toda a cerimônia, entre as duas últimas. Raquel Lyra e Teresa Leitão (PT) sentaram-se próximas e conversaram bastante.

Bronca e união

Raquel foi chamada para fazer seu discurso logo após uma bronca do presidente do TRE na plateia. Lulistas e bolsonaristas se manifestaram uns contra os outros quando Teresa Leitão subiu ao palco e escutaram uma justa reprimenda do desembargador André Guimarães ao microfone: "não é momento para isso".

Antes de começar sua fala, na sequência, Raquel soltou: "o dia é de união"

Recado a Miguel?

Todo curso de oratória ensina que é importante pontuar a fala com o nome de pessoas presentes. É uma técnica que ajuda no raciocínio e ainda serve para reverenciar o auditório.

O problema é que é preciso saber escolher o momento de fazer, dentro do texto. Ao fazer isso, durante a diplomação, Raquel deixou todo mundo na dúvida se estava mandando uma indireta para Miguel Coelho (UB).

Ela começou elogiando Eduardo Campos e terminou citando o ex-prefeito de Petrolina que está cotado para ser secretário, ao falar de algo que o ex-governador ensinava: “...é preciso deixar os projetos pessoais de lado, não é Miguel? E focar no coletivo”.

A referência pode ter sido elogiosa, de coleguismo, já que os dois trabalharam com Eduardo e ambos podem dizer que “aprenderam” com ele.

Mas, muita gente ficou sem entender se foi uma indireta.

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