Cena Política

O importante papel de Priscila Krause no governo de Raquel Lyra se o protagonismo prometido vingar

Há miséria em todo o estado, mas ela está concentrada na capital em maior volume. Há insegurança em todo o estado, mas resolvendo a situação no Recife, o impacto já será considerável. Se Priscila não for utilizada para isso, será um desperdício.

Igor Maciel
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Publicado em 22/12/2022 às 0:10
JANAÍNA PEPEU/DIVULGAÇÃO
Priscila e Raquel - FOTO: JANAÍNA PEPEU/DIVULGAÇÃO

Ao passar de um lado para o outro do balcão político, há características que você leva e que não vão lhe servir, outras que é preciso adaptar. Toda experiência é válida, mas saindo do Legislativo para o Executivo, pouca coisa se aproveita.

Fora o importante conhecimento sobre o funcionamento da Assembleia Legislativa, sobre os trâmites para que as coisas se resolvam ou travem, Priscila Krause (Cidadania), por exemplo, estará começando quase do zero como vice-governadora.

Ela se despediu, ontem, da Alepe, após 18 anos de trabalho dedicados ao Legislativo, incluindo o período que passou como vereadora do Recife. Em janeiro, assume uma missão que já se provou difícil na transição.

A principal diferença é que num mandato legislativo, misturado entre outros 48 gabinetes, é possível sair do foco quando necessário, e se abster em algum momento crítico. No Executivo, não.

Se o problema existe e você resolve, "cumpriu sua obrigação". Se não resolve, é "incompetente". Se não reage, é "omisso". Não existe descanso, não existe sossego.

Raquel Lyra (PSDB), que já deixou o Legislativo para assumir o Executivo sabe, ao menos, como é esse processo, embora a cobrança, agora num governo estadual, seja maior.

É preciso, porém, saber mudar a roupa sem perder a essência daquilo que lhe construiu por tantos anos. E será impossível para a futura vice-governadora, que o formato da gestão promete que seja tão protagonista, não utilizar sua experiência.

Priscila se notabilizou pela fiscalização ferrenha dos contratos e pela análise minuciosa dos gastos públicos, mas estava no âmbito da oposição. E se usar isso para aumentar a eficiência da máquina pública estadual, agora?

Pode ser o oxigênio que a gestão precisará para tirar Pernambuco de um atoleiro. Após 16 anos no poder, há gavetas que o PSB nem sabe mais que existem. Abrir e limpar tudo, jogar o entulho no lixo é necessário. Priscila tem meios para fazer isso.

Tem, ainda, o conhecimento de quem percorreu bairros do Recife. Ela sabe encontrar e desatar nós que governadores nos últimos anos talvez nem conheciam.

Há miséria em todo o estado, mas ela está concentrada na capital em maior volume. Há insegurança em todo o estado, mas resolvendo a situação no Recife, o impacto já será considerável. Se Priscila não for utilizada para isso, será um desperdício.

Se ela tiver de ser a candidata à prefeitura da capital no futuro, que seja uma consequência do trabalho dela e de Raquel, não um acerto político com dois anos de antecedência.

Se há muita expectativa e cobrança, se há pressão política e da opinião pública, é porque o potencial desse governo, com o perfil das duas, é muito grande também. Não se cobra muito de quem não tem o que entregar.

Se souberem, ambas, vestir a farda de uma gestão executiva do tamanho de Pernambuco, o estado vai acompanhar e as pressões se curvarão. É a receita.

Pedindo emprego

Sabe aquele momento quando você está estudando a possibilidade comprar alguma coisa e o vendedor lhe trata como se não existisse outra pessoa na face da Terra?

E depois, sabe a sensação de que tudo mudou assim que você digitou a senha do cartão de crédito e a compra foi aprovada? O vendedor já fica mais frio, começa a colocar problema para entregar o produto.

O PSB está vivendo isso atualmente. Os socialistas olham para Lula hoje e veem o “sorriso largo de vendedor” se desfazendo.

No caso dos ministérios, o estoque está no fim e o petista vendeu bem além do que havia no depósito. O PSB virou somente uma incômoda massa humana dentro da loja lotada, levando esbarrões dos clientes mais ricos.

Caso seja confirmado que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) vai assumir o Ministério de Indústria e Comércio, juntando com a já confirmada presença de Flávio Dino (PSB) no Ministério da Justiça, o PSB terá sido excluído.

Os socialistas solicitaram quatro pastas no primeiro escalão da nova gestão e o PT rebateu dizendo que “só havia espaço para duas”. Com dois ministros, acabou a cota.

A questão é que nem Flávio Dino e nem Alckmin foram indicações do partido, mas escolhas pessoais de Lula. Se for confirmado, o PSB terá dois ministérios, mas não manda em ninguém.

Até o ministério de Ciência e Tecnologia, que tradicionalmente é do PSB, dessa vez está previsto para ser entregue ao PCdoB.

O PSB perdeu espaço na transição para partidos que conseguiram fazer mais cadeiras no Congresso e terão maior influência na Câmara na próxima legislatura. Enquanto o PSD e o MDB, somados, fizeram 84 deputados em todo o Brasil, o PSB fez 14.

Até o PDT conseguiu mais cadeiras, fez 17. Os socialistas saíram das primeiras posições no Congresso para disputar espaço com o PSOL, que fez 12 deputados. Isso diminui o poder de barganha.

Se a situação não melhorar, os socialistas vão deixar de ser clientes na loja do PT e acabar indo lá só entregar currículos.

Tadeu Alencar

Quem garantiu um bom espaço foi o deputado federal Tadeu Alencar (PSB). Será secretário nacional de Segurança Pública no ministério comandado por Flávio Dino (PSB). Tadeu, que chegou a ser líder do partido na última legislatura e tinha papel de destaque no congresso, não foi reeleito.

 

 

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