Cena Política

LUCIANA SANTOS no ministério de Ciência e Tecnologia é derrota para o PSB que a desprezou por quatro anos

A vice-governadora sempre teve o protagonismo evitado pelos socialistas.

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Igor Maciel

Publicado em 22/12/2022 às 12:54
Análise
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Luciana Santos (PCdoB) assumindo o ministério de Ciência e Tecnologia representa um baque para o PSB. Não por ter qualquer problema com ela, não é isso, mas porque perde um espaço que era dado como certo para ser ocupado pelos socialistas.

A pasta estava na lista com as “solicitações” feitas pelo partido, mas nem era a mais esperada. No início da transição, Paulo Câmara (PSB) é quem estava conduzindo essas tratativas, pela proximidade que criou com Lula (PT) no período eleitoral.

Dentro do PSB houve um problema por causa desse protagonismo de Câmara, que gerou um racha. João Campos (PSB), prefeito do Recife, teria insistido em assumir, também, uma posição na transição.

Há fontes que dizem que João queimou Paulo com o PT para reduzir sua influência e outras dizem ter sido Paulo quem se afastou. Quem os conhece bem acredita que foi um pouco de cada coisa. Como resultado, os dois acabaram prejudicados, de certa forma.

Paulo acabou sem assumir nenhum ministério, mas Campos também não conseguiu o que mais queria, que era encaixar Márcio França num Ministério das Cidades que abrigasse a Codevasf.

- LUCIANA SANTOS é anunciada por LULA como MINISTRA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Enquanto o ex-governador de São Paulo estivesse numa pasta com tantos recursos, seria mais fácil convencê-lo a não disputar a prefeitura de São Paulo com Tábata Amaral (PSB) em 2024.

E, na Codevasf, Campos indicaria Geraldo Julio (PSB).

França acabou ficando num Ministério de Portos e Aeroportos, praticamente criado para abrigar ele e não parecer que o PSB foi totalmente excluído.

Ciência e Tecnologia era aquele ministério que o PSB enxergava como o plano certo para o caso de nada acontecer.

Se nada desse certo, sempre haveria Ciência e Tecnologia, a pasta que já esteve com Eduardo Campos e seguiu com os socialistas quando ele saiu. Acabou não dando certo.

Ninguém queria ela

O curioso é que Luciana, como vice-governadora, foi tratada pelo PSB com certo desprezo, por anos. Ela nunca pôde ser uma protagonista no governo, por quatro anos.

Assumiu a gestão poucas vezes e com muitas limitações. Um dos motivos para Paulo não ter saído candidato ao Senado, entre outros, foi por recomendação do PSB para que não deixasse Luciana ser governadora por nove meses.

Quando ela foi escolhida para ser vice, novamente, na chapa de Danilo Cabral (PSB), foi apenas porque não conseguiram encontrar nenhum outro aliado que aceitasse a missão.

Ao menos quatro convites foram recusados antes que ela fosse confirmada. Agora, Luciana assume a pasta sobre a qual o PSB acreditava ter direito líquido e certo.

Acontece.

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