Cena Política

Para onde vai a Sudene e como fica o mapa do poder com União Brasil e PP juntos

Coluna Cena Política desta terça-feira (14)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 14/02/2023 às 0:01
Assessoria de Comunicação - Sudene
Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) - FOTO: Assessoria de Comunicação - Sudene

Salvo se Lula (PT) topar uma briga interna, com o objetivo de agradar um aliado como Paulinho da Força (SD), o comando da Sudene deve ficar mesmo com alguém do PT.

O nome de Dilson Peixoto (PT) foi mencionado, mas ele também estaria cotado para o Metrô do Recife. Não é garantido.

Se aceitar agradar Paulinho da Força, Marília Arraes (SD) é quem teria chance de assumir o órgão. O problema é que Humberto Costa (PT) estaria trabalhando contra a indicação. A informação é que o senador pretende indicar alguém do grupo dele.

O MDB queria a Sudene e até buscou informações com o intuito de indicar Raul Henry (MDB), que preside o partido em Pernambuco, mas a resposta que os emedebistas receberam foi que a Sudene ficaria com o PT.

O que é curioso, porque o ex-deputado Raul Henry tem um plano de desenvolvimento para o Nordeste, pronto, fruto de um trabalho bem aprofundado na região durante o mandato dele, que se encaixaria muito bem com a Sudene e poderia dar novo propósito à hoje esvaziada superintendência.

Difícil saber o que o PT, ou o Solidariedade, pretendem fazer por lá.

Como compensação, Lula tentou oferecer o metrô ao MDB. Seria parte do pacote do Ministérios dos Transportes, já ocupado pelo partido.

O MDB agradeceu e dispensou. Ninguém quer assumir o “saco de gatos” que é o metrô do Recife. E é difícil condenar quem prefere passar longe de lá.

O destino de Raul

Portanto, o presidente do MDB em Pernambuco, Raul Henry, não vai para a Sudene.

Essa informação vem sendo divulgada como possibilidade por aí, mas não está mais no radar do ex-deputado que já tem conversas bem adiantadas com uma instituição da área educacional que atua no terceiro setor.

Henry vai prestar consultoria para esta fundação e as conversas estão praticamente fechadas.

Realmente, houve articulação para que ele assumisse a Sudene, mas já passou.

Para quem conversa com Raul, o ex-deputado tem se mostrado bastante agradecido, inclusive, ao deputado Augusto Coutinho (Republicanos) e ao presidente estadual do PDT, Wolney Queiroz.

Teria partido deles dois uma defesa enfática da importância de o pernambucano ser indicado para a Superintendência. Wolney e Coutinho dividiram a coordenação da bancada pernambucana em Brasília até o fim do mandato.

A Sudene, entretanto, deve mesmo ficar com o próprio PT.

Mapa político

A federação entre União Brasil e Progressistas, que deve transformar o bloco partidário no maior do país se for confirmada, está fazendo os agentes políticos recalcularem as estratégias em alguns estados e Pernambuco é um deles.

Na Câmara Federal, o grupo ficaria com 108 parlamentares, sendo nove deputados a mais que o PL. A maior parte dos deputados, hoje muito próximos a Arthur Lira (PP), estaria com o governo Lula (PT) na situação.

A resistência em Pernambuco passou por Luciano Bivar (UB). Hoje presidente nacional do partido, Bivar teria seu poder diluído já que a Federação terá um coordenador, que não será ele. 

Depois de perceber que não tinha como lutar contra, Bivar já estaria aceitando melhor a ideia. Mas ainda há resistências.

ACM manda

Há quem diga que o interesse de ACM Neto (UB) na federação é exatamente assumir essa coordenação e enfraquecer o Bivar.

Nas eleições de 2022, o pernambucano teria prejudicado deliberadamente outros candidatos do partido em Pernambuco, como Mendonça Filho (UB) e até o próprio ACM na Bahia, enquanto privilegiava aliados pessoais.

Isso causou brigas internas que ninguém fez muita questão de esconder.

Miguel

Ontem (13), em entrevista à Rádio Jornal, no Passando a Limpo, o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (UB), que também chegou a ter divergências com Bivar, fez questão de dizer que nada estava nada resolvido ainda sobre a federação, mas não escondeu que seria algo bem vindo já que a bancada na Alepe ficaria maior.

Ele tem razão. A federação PP-União, na Assembleia, poderia chegar a 13 deputados estaduais. Seria a maior bancada, empatada com um PSB que hoje está bem dividido.

Tanto PP como União Brasil têm se colocado como independentes nas relações com a governadora Raquel Lyra (PSDB) na Assembleia.

Independência, nesse caso, é uma espada de Dâmocles. Dependendo da situação, se não for ouvido e atendido, o grupo pode prejudicar a governabilidade e já há quem faça cálculos disso.

Com 13 deputados, o impacto aumenta.

Mais que o PSB

Já na bancada federal pernambucana, essa aproximação também pode mudar o equilíbrio do poder. Juntos, PP e União Brasil alcançariam sete deputados federais pelo estado.

Na hora de definir coordenação de bancada e distribuição de emendas coletivas, a federação PP-União terá, no papel, maioria sempre.

O mapa do poder, que sofreu impactos com a fusão PSL-DEM e depois com a eleição de quase 100 deputados pelo PL, deve passar por mais uma transformação nos próximos dias. E não é pequena.

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