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Cena Política

Carnaval de 2024 sem ter aliados no governo será desafio para João Campos, que passou no teste em 2023

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (23)

Igor Maciel
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Igor Maciel
Publicado em 23/02/2023 às 0:01
Jailton Júnior/JC Imagem
Galo ultrapassou a marca de mais de 2,5 milhões de foliões na volta do carnaval - FOTO: Jailton Júnior/JC Imagem

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), passou no seu primeiro teste de carnaval. Apesar de estar na prefeitura desde 2021, este foi o primeiro reinado de momo do gestor que fez campanha durante a pandemia e depois passou dois anos impedido de realizar a festa por causa das restrições sanitárias.

O carnaval de 2023 tinha um desafio a mais por ser um retorno depois de tanto tempo. Festas realizadas continuamente entregam, de um ano para o outro, uma memória de estrutura, contratos e logística.

O carnaval de 2024, por exemplo, deve começar a ser planejado desde já. Mas como não houve festa em 2022 e 2021, a prefeitura teve que pegar os dados ainda de 2020 para planejar o evento deste ano. Tudo desatualizado.

É preciso reconhecer essa dificuldade a mais e, mesmo assim, a entrega foi muito positiva.

O clima da festa foi diferente e isso se deve também ao trabalho da prefeitura que soube criar um ambiente de união. As coisas caminharam tão bem que nem da beleza do Galo da Madrugada se falou mal este ano. Um milagre recifense.

Agora, em 2024 o desafio de Campos será de articulação política e de mais aproximação com a iniciativa privada para o carnaval. Será ano eleitoral e o governo estadual, de oposição, tende a não se comprometer muito com o sucesso do socialista, que deve ser candidato à reeleição.

Não à toa, ele começou esse trabalho de agora. Quem encontrou com o prefeito no sábado, por exemplo, no Galo da Madrugada, viu que ele estava acompanhado de Marcelo Freixo (PT).

O ex-deputado, que disputou e perdeu a eleição para o governo do RJ pelo PSB, é o presidente da Embratur, no governo federal.

Bolsonarismo sem Bolsonaro

Quando voltar, Jair Bolsonaro (PL) não encontrará o país que deixou ao ir embora, em dezembro de 2022, antes de Lula (PT) ser empossado na cadeira que já foi dele.

Não, o petista não transformou nada em ouro. Na verdade, Lula não tem realização nenhuma para apresentar, a estrutura segue a mesma, com o centrão mandando no país, exigindo mais dinheiro para não plantar um caos completo, enquanto o presidente faz concessões em nome do que é chamado de governabilidade.

O que mudou foi a pintura das paredes, mas as tubulações seguem as mesmas, com as mesmas infiltrações nas paredes.

O que mudou foi o Brasil que pertencia a Bolsonaro eleitoralmente. Dois generais disputam uma batalha com o mesmo número de soldados, mesmo que um dos exércitos tenha vencido por muito pouco, a tendência é que os derrotados se separem e seu comando perca força. A vantagem pequena de Lula na eleição será uma dificuldade para ele sempre, mas a vitória ameniza isso. 

Já a derrota “por pouco” de Bolsonaro será sempre uma derrota significativa. Quando Bolsonaro voltar vai descobrir (se já não percebeu), que sua força está dividida.

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, entrega aos eleitores de centro e de direita algo que ele nunca conseguiu entregar: estabilidade e lógica de ação.

O ex-presidente sempre se equilibrou entre alguma sensatez e o radicalismo porque foi a maneira que encontrou para sobreviver e sustentar dois públicos muito distintos: um que não queria o PT por causa do histórico de corrupção, mas pensa de forma equilibrada, e outro que defende maluquices, algumas criminosas como um golpe de estado.

Os equilibrados tendem a procurar figuras como Tarcísio de Freitas e já direcionaram seus olhares nesse sentido. Esse público enxergava Bolsonaro como um “louco necessário”, porque não havia outra opção. Agora, eles têm.

Sobram os radicais para o ex-presidente, quando ele voltar? A princípio sim, mas pode haver uma surpresa até nesse grupo menos sensato.

Acontece que sensatez é um artigo caro e raro na política e na vida pública. Maluquice, não.

Enquanto os mais sensatos, por enquanto, encontram apenas um Tarcísio de Freitas como opção ao PT em 2026, os radicais podem ter um caminhão de políticos, ou aspirantes a políticos, que se enquadram nesse radicalismo reacionário de hospício, tentando ser presidente em 2026.

Bolsonaro terminou 2022 forte, mas errou ao ir para os EUA e ficar por lá sem data de retorno. Agora, pode voltar, em 2023, nanico.

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, pode não ser uma criatura exemplar em vários aspectos, mas conhece a política e sabe sobreviver. Ele não começou a trabalhar o nome da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL), por acaso. Quer vender alguma sensatez com algum bolsonaro, porque o marido dela tende a derreter e Tarcísio é de outro partido.

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