A partir de hoje, tudo o que for discutido em política terá a eleição de 2024 como pano de fundo. É ingenuidade acreditar na frase que Eduardo Campos transformou em mantra, sempre que era perguntado sobre o próximo pleito: “a eleição a gente discute no ano da eleição”. Não funciona assim.
Desde o segundo turno da campanha estadual de 2022 que os partidos já estavam se movimentando de acordo com o calendário de 2024 e essa atuação objetiva deve se intensificar agora.
No PL, por exemplo, há um esforço declarado, desde o fim do ano passado, para ter nomes que participem da disputa em todos os municípios com mais de 100 mil habitantes.
O objetivo do partido era aproveitar o embalo do bolsonarismo que elegeu grande bancada federal e deu quase metade do eleitorado brasileiro ao ex-presidente filiado à sigla.
Os episódios de 8 de janeiro atrapalharam isso e diminuíram o ímpeto, mas a disposição não mudou, até onde se sabe.
Quem vem lá
Na Região Metropolitana do Recife, nomes como o do ex-ministro do Turismo Gilson Machado (PL) e do ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira (PL) estão em destaque. O irmão de Anderson, André Ferreira (PL), também é lembrado. O deputado estadual Renato Antunes (PL) também está na lista de possíveis candidatos. No interior, o deputado Fernando Rodolfo (PL) deve tentar a prefeitura de Caruaru.
Discreto
Esse seria um dos motivos para que Anderson não tenha sido tão expansivo na hora de declarar apoio à Raquel Lyra (PSDB), ainda em 2022, embora tenha demonstrado preferência por ela em relação à Marília Arraes (SD).
Ele sabe que o PL, muito provavelmente, não terá apoio de Raquel para 2024 e quis evitar o desgaste de um “rompimento” no futuro.
Opções
Raquel tem duas opções automáticas para o Recife, com Daniel Coelho e Priscila Krause, ambos do Cidadania). Ele é secretário de Turismo e ela é a vice-governadora. Ambos teriam a segurança de um retorno aos cargos se saírem para a disputa.
Mas, não será uma grande surpresa se Raquel jogar o xadrez de uma forma diferente do previsto e tirar outro nome da gaveta, de algum aliado inesperado.
Em Caruaru, o natural seria seu apoio ao atual prefeito, Rodrigo Pinheiro (PSDB), que era seu vice na prefeitura da Capital do Agreste até pouco mais de um ano. Mas nem isso é garantido.
Há quem desconfie que ela pode tentar uma alternativa surpreendente, depois de ter tido atritos com Rodrigo durante a campanha de 2022.
Improvável, mas...
Ainda sobre o Recife, os mais radicais dizem que não é descartado a governadora apoiar até mesmo João Campos (PSB) numa reeleição. Quem diz isso com sobriedade, costuma lembrar que os dois não têm qualquer problema entre si, nunca brigaram.
“O problema dela, no PSB, era com Paulo Câmara, que a impediu de ser candidata pelo partido socialista em 2016. Com João ela nunca teve dificuldade nenhuma”, diz esta fonte.
Desafio 1
Provavelmente sem o apoio de Raquel, João Campos terá dois grandes desafios até o fim de 2024 quando as urnas forem apuradas. O primeiro é bem óbvio: sua reeleição.
As condições para a vitória são inéditas para o PSB nas últimas duas décadas. Ele precisará vencer a prefeitura sem ter suporte do partido de dentro da administração estadual. Geraldo Júlio (PSB) venceu uma vez com ajuda do então governador Eduardo Campos e a outra com ajuda de Paulo Câmara (PSB).
O próprio João se elegeu prefeito em 2020 com Paulo no governo. Agora será diferente.
Desafio 2
O segundo desafio gigante de João Campos é fortalecer o partido que ele se prontificou a comandar.
Desde o fim de 2022, há um movimento forte no PSB nacional, com ativa participação de Geraldo Julio, para que João assuma o protagonismo maior da sigla. Algo que já foi de Eduardo. Uma das fases desse projeto é impedir que o partido derreta nas bases, nos municípios de Pernambuco.
Em 2016, o PSB tinha 70 prefeituras. Em 2020, esse número caiu para 53.
Se cair novamente em 2024, o partido vai representar uma dificuldade maior para João que, imagina-se, pode tentar o governo em 2026.
Comentários