Em Pernambuco, a consequência imediata da federação PSB/PDT/SD que está prestes a ser formalizada nacionalmente é uma ampliação no grupo de 13 deputados do PSB na Alepe, que passa a “funcionar”, teoricamente, com mais quatro deputados do Solidariedade. O PDT em Pernambuco não elegeu nenhum deputado estadual.
Mas, isso é uma mera formalidade, vale reforçar. Ao menos por enquanto, nem os 13 deputados do PSB estão coesos numa oposição a Raquel Lyra (PSDB). O acréscimo de quatro deputados na federação, em Pernambuco, só funciona na hora de imprimir lista de bancada.
Não há um aumento de pressão sobre o governo, por exemplo. Não agora.
A consequência mais importante impacta a eleição de 2024, porque a federação, quando confirmada, deve durar até 2026. Então, aqui no estado, estamos falando de Marília Arraes (SD) tendo que disputar um único espaço com João Campos (PSB), se quiser ser candidata à prefeitura do Recife.
Com a federação, o que se espera é que o grupo todo lance um nome e fique junto na campanha. Sendo bem realista, ela teria que sair do SD, caso tenha a intenção de ser candidata.
A federação reforça bastante a posição de João Campos em sua futura campanha de reeleição na capital. Nesse tabuleiro, o prefeito tem se movimentado bem. Neste mesmo mês ele garantiu a presença do PT na gestão, com a ideia futura de que os petistas irão apoiá-lo em 2024, e agora caminha para anular uma possível adversária, que lhe deu trabalho em 2020.
Com Marília na disputa, ele correria o risco de dividir o apoio de uma figura importante da política nacional: o presidente Lula (PT).
Essa é a principal garantia para João. Além de trazer o PT para perto, Campos conseguiu diminuir a chance de a atenção do líder petista ficar dividida no Recife, entre ele e a prima, como aconteceu na eleição do estado em 2022, quando Danilo Cabral (PSB) e Marília brigavam para ver quem era mais “companheiro de Lula”.
O jogo do prefeito para a eleição de 2024 está sendo jogado com mais de um ano de antecedência. Ele tem sido ajudado pelas circunstâncias nacionais, é verdade, mas até agora é preciso admitir que o socialista vai jogando bem.
E Maria
Na bancada federal, a federação também significa que Maria Arraes (SD) será obrigada a se agrupar com os colegas do PSB nas votações.
No caso de Maria, fugir disso seria ainda mais complicado. Marília está sem cargos até o momento, mas a irmã pode perder o mandato se trocar de partido fora de uma janela partidária.
Então, vai ter que conversar muito com os socialistas e com os pedetistas para trabalhar em Brasília.
Não tem jeito
Marília Arraes, inclusive, tem uma relação curiosa com os partidos pelos quais passou. Ela sai das siglas em situações sempre muito desgastantes, após muita briga, mas não consegue se afastar nunca. E nem sempre é por vontade própria.
Ela saiu do PSB, após muita briga, foi para o PT quando os petistas estavam brigados com os socialistas. Queria uma guerra contra o ex-partido.
Com o tempo, as circunstâncias que envolveram a volta de Lula aos palanques acabaram colocando o PT novamente com o PSB. Marília ficou isolada de novo.
Quando saiu do PT, também após muita briga, exatamente para disputar espaços contra o PSB e o PT em Pernambuco, foi para o Solidariedade em busca de independência local.
Primeiro, o Solidariedade se aliou nacionalmente ao PT. Até aí tudo bem para ela, que não dispensaria Lula.
Mas, agora, o destino põe uma federação na história que a junta com o PSB outra vez, por bem ou por mal.
Já há quem brinque que, “se Marília virar bolsonarista, vai acabar Bolsonaro entrando no PSB”.
Alerta
Dilma Rousseff (PT) merece respeito. E não é por ser mulher.
Entenda: ser mulher não deveria ser motivo especial de respeito. Se o é, trata-se do resultado de uma sociedade precária do ponto de vista humano, ainda. Respeito deveria ser para todos.
Nunca se provou nada contra Dilma, então ela precisa ser respeitada também pela correção e honestidade.
Dilma também merece respeito por ser uma ex-presidente da República, independente de como o governo terminou.
Mas, Lula querer aproveitar o Dia Internacional da Mulher, como fez ontem, para repetir a conversa de que “o impeachment de 2016 foi um golpe”, é desrespeitoso com a democracia e com as instituições. E alguém com juízo deveria alertar ele sobre isso. Talvez, um dia.
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