Cena Política

A distorção estadual das federações criadas para a sobrevivência dos nanicos

Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (4)

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Igor Maciel

Publicado em 03/04/2024 às 20:00
Análise
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As federações, modelo de união para sobrevivência de nanicos idealizado pelo PCdoB para não ser extinto em 2022, estão criando situações que antes seriam consideradas absurdas. Como são formadas à semelhança de empresas, há um tipo de “divisão acionária”, com um partido que manda mais que os outros e até libera candidaturas ou não.

No caso do PCdoB, com o PT e o PV, por exemplo, a Federação Brasil da Esperança, o que os petistas determinam é lei. Os outros obedecem e agradecem.

Distorções locais

Como as federações são nacionais, essa divisão hierárquica termina criando distorções esquisitas nos estados. A federação entre PSOL e Rede é um exemplo disso. Na divisão nacional, os psolistas possuem 70% das “ações” e a Rede tem só 30%.

Isso acontece porque o PSOL tem 13 deputados na atual legislatura e a Rede só tem um. O problema é que esse único deputado federal da Rede é o pernambucano Túlio Gadêlha (Rede). E, em Pernambuco, o PSOL não tem nenhum deputado federal.

Sem decidir

Apesar de Túlio ser o único deputado federal do grupo em Pernambuco, ele não manda em nada, não pode ser candidato a prefeito, não pode decidir nada e até os nomes que tenta levar para serem candidatos a vereador estariam com risco de serem barrados na eleição. É uma maluquice.

Se fosse uma relação normal, o fato de ser o único parlamentar nacional no grupo seria um fator de poder. No caso da PSOL/Rede, não vale nada.

O risco de…

Nessa briga política da prefeitura de Garanhuns com a Fundarpe pela realização do Festival de Inverno, a tendência é que o resultado seja um grande sucesso de público, mas um retumbante fracasso cultural. O problema é que é fácil fazer festa. Festa por festa, Caruaru faz no São João, Petrolina também faz. Fora todos os outros municípios do estado.

Contratar artistas é algo que uma produtora de eventos pode dar conta e, recebendo verba para isso, consegue montar a mesma programação do Festival de Inverno, este ano, em Garanhuns, em Gravatá ou em Triunfo. Tanto faz, porque vai ter público.

…cair no comum

O que diferenciava o FIG era a estrutura de eventos culturais e artísticos para além do palco principal, com cinema, literatura, teatro e até apresentações de música clássica espalhadas pela cidade. É a programação do parque Ruber van der Linden, por exemplo.

E isso é algo que só a Fundarpe consegue reunir com eficiência, porque depende não apenas de dinheiro mas de grande articulação entre as instituições culturais de Pernambuco e uma logística bem complicada.

Mais que show

Com as atrações da moda, dinheiro conseguido através de emendas parlamentares e a divulgação certa, com certeza o prefeito de Garanhuns vai comemorar bastante o “grande sucesso” de público do evento em 2024. Vai-se falar em imenso retorno financeiro para todos os comerciantes da cidade e daí por diante.

Mas se não houver toda a estrutura cultural que havia, todo o ambiente de celebração artística de antes, o ano de 2024 pode estar marcando o começo do fim de um evento, que vai definhar rapidamente e se igualar a qualquer festa municipal dos outros 184 municípios do estado.

Consequência

É preciso ficar atento ao que virá do prefeito Sivaldo Albino (PSB) nos próximos anúncios sobre a festa. Nenhuma disputa política é inofensiva quando há dinheiro público envolvido. Aguardemos.

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