A distorção estadual das federações criadas para a sobrevivência dos nanicos
Confira a coluna Cena Política desta quinta-feira (4)
As federações, modelo de união para sobrevivência de nanicos idealizado pelo PCdoB para não ser extinto em 2022, estão criando situações que antes seriam consideradas absurdas. Como são formadas à semelhança de empresas, há um tipo de “divisão acionária”, com um partido que manda mais que os outros e até libera candidaturas ou não.
No caso do PCdoB, com o PT e o PV, por exemplo, a Federação Brasil da Esperança, o que os petistas determinam é lei. Os outros obedecem e agradecem.
Distorções locais
Como as federações são nacionais, essa divisão hierárquica termina criando distorções esquisitas nos estados. A federação entre PSOL e Rede é um exemplo disso. Na divisão nacional, os psolistas possuem 70% das “ações” e a Rede tem só 30%.
Isso acontece porque o PSOL tem 13 deputados na atual legislatura e a Rede só tem um. O problema é que esse único deputado federal da Rede é o pernambucano Túlio Gadêlha (Rede). E, em Pernambuco, o PSOL não tem nenhum deputado federal.
Sem decidir
Apesar de Túlio ser o único deputado federal do grupo em Pernambuco, ele não manda em nada, não pode ser candidato a prefeito, não pode decidir nada e até os nomes que tenta levar para serem candidatos a vereador estariam com risco de serem barrados na eleição. É uma maluquice.
Se fosse uma relação normal, o fato de ser o único parlamentar nacional no grupo seria um fator de poder. No caso da PSOL/Rede, não vale nada.
O risco de…
Nessa briga política da prefeitura de Garanhuns com a Fundarpe pela realização do Festival de Inverno, a tendência é que o resultado seja um grande sucesso de público, mas um retumbante fracasso cultural. O problema é que é fácil fazer festa. Festa por festa, Caruaru faz no São João, Petrolina também faz. Fora todos os outros municípios do estado.
Contratar artistas é algo que uma produtora de eventos pode dar conta e, recebendo verba para isso, consegue montar a mesma programação do Festival de Inverno, este ano, em Garanhuns, em Gravatá ou em Triunfo. Tanto faz, porque vai ter público.
…cair no comum
O que diferenciava o FIG era a estrutura de eventos culturais e artísticos para além do palco principal, com cinema, literatura, teatro e até apresentações de música clássica espalhadas pela cidade. É a programação do parque Ruber van der Linden, por exemplo.
E isso é algo que só a Fundarpe consegue reunir com eficiência, porque depende não apenas de dinheiro mas de grande articulação entre as instituições culturais de Pernambuco e uma logística bem complicada.
Mais que show
Com as atrações da moda, dinheiro conseguido através de emendas parlamentares e a divulgação certa, com certeza o prefeito de Garanhuns vai comemorar bastante o “grande sucesso” de público do evento em 2024. Vai-se falar em imenso retorno financeiro para todos os comerciantes da cidade e daí por diante.
Mas se não houver toda a estrutura cultural que havia, todo o ambiente de celebração artística de antes, o ano de 2024 pode estar marcando o começo do fim de um evento, que vai definhar rapidamente e se igualar a qualquer festa municipal dos outros 184 municípios do estado.
Consequência
É preciso ficar atento ao que virá do prefeito Sivaldo Albino (PSB) nos próximos anúncios sobre a festa. Nenhuma disputa política é inofensiva quando há dinheiro público envolvido. Aguardemos.