As mudanças na gestão Raquel e o que ainda poderia avançar
Algumas semanas atrás a coluna defendeu a necessidade de uma minirreforma nas gestões, para acomodar o ambiente político que da eleição municipal.
A governadora Raquel Lyra (PSDB) deve aproveitar os novos espaços criados com a minirreforma do secretariado para acomodar aliados em 2025 e 2026. Pelas informações contidas no texto enviado à Assembleia, a ideia é que a secretaria de Educação seja desmembrada para que a área de Esportes, hoje integrada, tenha uma pasta própria. Além disso, uma secretaria executiva da Causa Animal completa a mudança.
Algumas semanas atrás a coluna defendeu a necessidade de uma minirreforma nas gestões executivas, tanto nacional como estadual, para acomodar o ambiente político que emergiu da eleição municipal. É importante para construir novas parcerias e fixar as existentes.
Além
No caso do Palácio do Campo das Princesas, porém, se parar por aí, pode ser pouco.
Faria bem à gestão Raquel, por exemplo, alguém que circulasse por todas as secretarias cobrando prazos e entregas das muitas obras e projetos anunciados nos últimos meses. O Palácio terá um grande desafio até 2026 que é garantir o cronograma das realizações que foram prometidas.
Essa figura, um tipo de auditor/cobrador agitando os secretários e os fornecedores periodicamente, existiu pela última vez no governo Eduardo Campos.
Pela projeção de entregas desta gestão, seria importante ter alguém com esse perfil novamente.
Pra dentro e pra fora
Outra mudança que poderia acontecer seria uma divisão de atribuições dentro da Casa Civil. A pasta é responsável pela articulação interna e externa. Muitas vezes, tentando fazer tudo se acaba prejudicando o todo.
Nesses dois anos, a articulação externa sofreu e foi envolvida em crises institucionais, principalmente com os outros poderes. Por outro lado, há muita reclamação sobre a demora na análise e resolução de processos internos. Se o trabalho fosse dividido, com uma equipe voltada para o governo e outra para a articulação política, os atritos poderiam ser reduzidos.
Menos custo
E tudo isso pode ser feito sem a necessidade de criar novas secretarias. Talvez bastaria um arranjo dentro da administração com a estrutura atual. Um simples ajuste de nomenclaturas e a definição dessas funções específicas já ajudaria bastante.
Com essas mudanças, além das que serão feitas por acomodação de aliados, o Palácio poderia resolver arestas que têm incomodado os que observam o andamento da gestão e questionam, desde 1° de janeiro de 2023, quando haverá paz institucional (que já teve alguma melhora) e se todas as promessas feitas ao longo dos últimos tempos poderão ser cumpridas para além do verbo e da verba, mas também para o usufruto.
Luciana
No governo Lula (PT) algumas mudanças também devem acontecer e podem atingir pernambucanos nos ministérios. A coluna ouviu que há muitas consultas de partidos sobre a pasta de Ciência e Tecnologia, atualmente comandada pela ministra Luciana Santos (PCdoB). Há quem aposte que Luciana não estará no cargo em 2025.
Espaços ao centro
O presidente da República tem sido cobrado a arranjar mais espaços para partidos como União Brasil e PSD. As duas siglas, que cresceram muito nas eleições de 2024, ameaçam lançar candidatos próprios em 2026 ao Planalto, com o apoio do centrão. Entregar mais cadeiras a essas siglas seria uma maneira de segurar a independência executiva delas.
Acalmar mercado
Esses ajustes nos ministérios podem ser necessários também para ajudar na aprovação de projetos importantes enviados para o Congresso, como o pacote de ajuste fiscal que o governo precisa aprovar o quanto antes e tentar demonstrar ao mercado que está falando sério sobre sua responsabilidade com as contas públicas.
Até agora, falhou miseravelmente. A rejeição ao governo entre executivos do mercado financeiro, segundo a última pesquisa Quaest, divulgada ontem, passou de 64% para 90% em poucos meses.