A Câmara terá oposição mais ativa e barulhenta nas redes contra João Campos
Campos vai encontrar um ambiente bem menos amistoso do que na legislatura anterior, tanto à direita quanto em seu campo, à esquerda.

Na próxima segunda-feira (3) recomeçam os trabalhos na Câmara de Vereadores do Recife. Após um período de descanso, quando esteve fora do país, o prefeito João Campos (PSB) é esperado para o reinício dos trabalhos na Casa, que lhe foi muito mais fraterna que fiscal ao longo de seu primeiro mandato.
Embora continue tendo uma maioria inconteste e dificilmente venha a ter dificuldade para aprovar projetos importantes, Campos vai encontrar um ambiente bem menos amistoso do que na legislatura anterior, tanto à direita quanto em seu campo, à esquerda.
Três
Na direita, destaque para três novos nomes. Gilson Machado Filho (PL), Thiago Medina (PL) e Eduardo Moura (Novo) nem esperaram começar oficialmente a legislatura e começaram a buscar formas de dar visibilidade à oposição.
Os três têm grande penetração na área em que o prefeito mais se destaca; as redes sociais, com grande participação popular e capacidade para repercutir denúncias atingindo um público específico que se informa, basicamente, pelas redes.
Engajamento
Juntando os três, apenas no Instagram, são cerca de 250 mil seguidores. Parece pouco, perto dos quase 3 milhões de seguidores que tem o prefeito do Recife, mas é preciso entender como funciona a dinâmica das redes sociais, em que engajamento é mais importante do que o número de seguidores apenas.
Manoel Fernandes, que trabalha com análise de dados na BITES para a tomada de decisões estratégicas em projetos nas maiores empresas do Brasil, comentou o assunto numa entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal.
Estreantes
Questionado sobre o uso das redes para a política, Manoel Fernandes destacou algo que estava começando a aparecer nos monitoramentos dele e citou a oposição que Campos teria agora na Câmara, diferente do que acontecia antes. Citou especificamente Eduardo Moura, dos três o que tem o maior número de seguidores (144 mil), por ter se originado de programas policiais em TVs pernambucanas e já ser conhecido do público.
Gilson Filho é muito conhecido pela referência ao pai, ex-ministro do Turismo e Medina é apontado como alguém “ligado a Nikolas Ferreira”, deputado federal e fenômeno da direita nas redes sociais.
Petista
Mas há novidades na oposição à esquerda também. João Campos deve ter dificuldade para lidar com as vereadoras do PT na Casa, Liana Cirne (PT) e Kari Santos (PT). Principalmente esta última.
Kari Santos se apresenta como “comunicadora popular, ativista social e terrivelmente petista”. Dos novatos é a que tem o maior número de seguidores nas redes, são quase 260 mil.
A vereadora é um fenômeno no Instagram e tem vídeos recentes com quase um milhão de visualizações. A petista fala uma linguagem bem construída especificamente para esses canais e atrai muita atenção.
Oposição mesmo?
Você pode estar se perguntando como as vereadoras do PT farão oposição a João Campos se estão todos num “mesmo barco” com Lula. O fato é que não estão.
Liana, que tem quase 70 mil seguidores no Instagram, é muito ligada ao senador Humberto Costa (PT) e Kari Santos é próxima do deputado estadual João Paulo (PT). Os dois são defensores de que o PT não deve se aliar ao PSB do Recife, nem ao prefeito. Lula sim, Campos não.
Incomodam
As duas vereadoras petistas, ao menos num primeiro momento, devem fazer oposição à gestão em alguns temas e podem dar dor de cabeça à bancada do governo.
Essa oposição vai se unir contra o PSB? É difícil imaginar que pode haver muito diálogo e união entre esses vereadores da direita e as petistas na Casa.
Mas a atuação, cada um em seu campo, tem volume suficiente para incomodar e muito o prefeito que antes não tinha absolutamente ninguém nem para lhe fazer cócegas.