Até Ramagem pede para desistir dele
Ministros e amigos tentam convencer o presidente Jair Bolsonaro a desistir da indicação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal, suspensa ontem pelo ministro Alexandre Moraes, do STF. Até o próprio Ramagem concorda, mas Bolsonaro insiste na escolha, recorrendo ao STF, até para lavar a imagem do delegado, segundo ele uma pessoa honrada vítima de injustiça brutal, ao ser apontado como alguém suscetível a cometer irregularidades.
- Governadores que criticaram Bolsonaro foram os primeiros a liberar atividades. É o caso de Flávio Dino, Doria e Ronaldo Caiado
- Apoio do 'Centrão' pode garantir a tranquilidade que o governo Bolsonaro nunca teve
- Moro insinua seu projeto político ao afirmar que está pronto a 'ajudar o Brasil'
- Evangélico, André Mendonça, substituto de Moro, é 'terrivelmente técnico'
- Presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais elogia o novo diretor da PF
Moraes barraria Moraes
Se fosse observada a estrita interpretação da 'impessoalidade' exigida pelo ministro Alexandre de Moraes do presidente Jair Bolsonaro, para nomeação do diretor da Polícia Federal, talvez ele próprio não estivesse no Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes chegou ao STF por ser auxiliar de confiança e amigo do ex presidente Michel Temer, além do seu notório saber jurídico. A rigor, é difícil ser entronizado no STF sem elos de amizade, parentesco ou afinidade política com quem o nomeou. Moraes foi alvo de suposições injustas de que seu papel seria blindar Temer. Agora, baseado em suposições, anula ato do chefe do Executivo. Atual presidente do STF, Dias Toffoli foi advogado do PT e auxiliar de confiança de Lula, que o nomeou. Mas nunca os favoreceu. Lula nomeou para o STF um antigo militante do PT, Carlos Ayres Britto, mas o sergipano o desapontou: nunca usou a toga para mostrar gratidão.Na história do STF há inúmeros casos de nomeação de ministros em que o princípio da 'impessoalidade' foi solenemente ignorado.
Três opções
Bolsonaro terá sobre sua mesa, na manhã desta quinta-feira (30), ao menos três opções de delegados para a direção-geral da PF.
Carne às feras
A avaliação de alguns ministros, incluindo Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), acham que insistir em Ramagem só vai alimentar o assunto.
Risco de derrota
Além do desgaste da expectativa do julgamento da questionada liminar de Alexandre Moraes, há o risco de nova derrota do governo no plenário.
Ir e vir
O novo ministro André Mendonça citou o 'direito de ir e vir' na posse, e 'o povo em primeiro lugar', em alusão a uma das diferenças entre Moro e Bolsonaro: prisões de quem está nas ruas no período de isolamento.
Mr. Simpatia
O ministro André Mendonça (Justiça) procurou demonstrar que, além de evangélico é 'terrivelmente' simpático. Saudou o presidente como o homem que manda no Brasil e a primeira-dama como a pessoa que manda nele. Ele nem é militar, mas até prestou continência ao capitão.
Frase
'Não houve nenhum stress, estamos em perfeito entendimento' Paulo Guedes (Economia) sobre a fofoca de desavença com Braga Netto (Casa Civil).
Lealdade
Ao ser citado no discurso de André Mendonça, novo ministro da Justiça, o secretário-geral da Presidência, Jorge Oliveira, foi demoradamente aplaudido. É que já escolhido para o lugar de Sergio Moro, ele convenceu o presidente que não era a melhor opção.
Bem recebido
André Mendonça no Ministério da Justiça pegou bem entre tribunais superiores. Sua posse foi prestigiada pelo próprio presidente do STF, Dias Toffoli, e o ministro Gilmar Mendes, para além do presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro João Otavio de Noronha.
Comentários