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Com o depoimento de Nise Yamaguchi, CPI da Covid foi, outra vez, palco de humilhações a uma mulher

Ficou claro que a CPI não queria ouvir a médica Nise Yamaguchi, queria submetê-la a linchamento. Leia a opinião de Cláudio Humberto

Cláudio Humberto
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Cláudio Humberto
Publicado em 02/06/2021 às 6:33
JANE DE ARAÚJO/AGÊNCIA SENADO
"Inimigo comum é o vírus e a mortalidade. Não estou aqui para defender um governo e sim o povo brasileiro", afirmou Nise em depoimento na CPI da Covid. - FOTO: JANE DE ARAÚJO/AGÊNCIA SENADO

CPI queria linchar Nise

A CPI da Pandemia foi outra vez palco de humilhações a uma mulher sob silêncio constrangedor da lacrolândia, que só protesta quando a vítima de tratamento indigno é de esquerda. Ficou claro que a CPI não queria ouvir a médica Nise Yamaguchi, queria submetê-la a linchamento. Não a deixaram falar, expor suas razões, suas convicções. Não permitir que o outro lado exponha seu pensamento, por meio de interrupções, é um velho truque para não correr riscos de perder o debate. Deu certo. O jeito calmo e didático da médica incomodou o presidente da CPI, que a interrompeu para recomendar que ninguém acreditasse no que ela dizia. Otto Alencar tentou desqualificar os mais de 40 anos de experiência da médica, sem permitir que ela sequer respondesse às perguntas. Para o cientista político Paulo Kramer, o tratamento foi indigno e provou que "o feminismo não passa de um puxadinho vagabundo da esquerda".

PIB pode atingir 7%

O tal "mercado financeiro" deve desculpas ao Brasil: seus economistas erraram feio nas previsões do Produto Interno Bruto (PIB), que teve forte crescimento de 1,2% no 1º trimestre, o dobro do esperado. Agora, há uma corrida de revisões de aumento do PIB, após o banco Itaú estimar em 5% este ano. E já se constrói o consenso de que será de 7% o PIB de 2022. É que, para a média de 5% em 2021, a economia deve estar em 7% no último trimestre, e iniciará o ano eleitoral de 2022 nesse ritmo. O Brasil vai "bombar", sobretudo nas áreas de infraestrutura e construção civil, dizem especialistas. Quem investir nessas áreas vai se dar bem. Erros assim do "mercado" impactam a economia e prejudicam o País porque definem juros, câmbio, superávit primário, balança comercial etc. Até há 30 dias, o máximo que se esperava era crescimento de 3% este ano. Goldman Sachs revisou para 4,5% e o Itaú Unibanco foi a 5%. Com o Brasil crescendo a 5% em 2021 e 7% em 2022, com recuperação de empregos, a tendência é melhorar a avaliação do governo Bolsonaro.

Coisa feia

Deputada estadual campeã nas eleições de 2018, com mais de 2 milhões de votos, Janaína Paschoal criticou os senadores na CPI: "A divergência pode ser exposta com respeito. Espetáculo triste", definiu.

Gabinete

Senadores oposicionistas, incluindo o relator e o presidente da CPI da Pandemia, utilizam os serviços de "grupos de checagem" não-oficiais, sem qualquer divulgação do processo ou dos responsáveis pelos grupos.

Frase

Muito brevemente poderemos até estar exportando essa vacina", Jair Bolsonaro sobre a transferência de tecnologia da AstraZeneca para a Fiocruz.

Machismo

O tratamento a Nise Yamaguchi, na CPI da Pandemia, foi muito parecido com aquele dispensado à também médica Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde. Tem gente que "cresce" diante de mulheres.

Vergonha

O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) foi mais um dos indignados com o corredor polonês montado na CPI da Pandemia contra Nise Yamaguchi. "CPI do circo mostra, mais uma vez, sua falta de propósito".

Resultado

O crescimento quase o dobro do projetado pelo mercado fez o ministro Ramos comemorar dizendo que crescemos mais que a China e os EUA. "Alô, pessimistas: desistam, o Brasil já deu certo", disse o general.

Andamento

Estimativas do Ministério da Saúde apontam que a população vacinável equivale a 160 milhões de pessoas. São todos os cidadãos com 18 anos ou mais. É equivalente a 75% da população brasileira.

 

 

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