Opinião

No Brasil, cerca de 58 mil autoridades dos três poderes têm foro privilegiado

Deputados acham que o fim do foro privilegiado os deixa nas mãos de juízes de 1ª instância, que ganharão muito poder com a medida

Cláudio Humberto
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Cláudio Humberto
Publicado em 02/08/2021 às 6:52 | Atualizado em 02/08/2021 às 6:54
Agência Brasil
Em países que respeitam a lei e o combate a privilégios e à impunidade - FOTO: Agência Brasil

Fim de foro na gaveta

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-PI), enumerou os projetos a serem votados prioritariamente logo após o retorno ao trabalho, no 2º semestre, mas continua na gaveta a PEC que extingue o foro privilegiado. Antecessor de Arthur Lira, Rodrigo Maia trancou o projeto a sete chaves, há cerca de 1.520 dias. Deputados acham que o fim do foro privilegiado os deixa nas mãos de juízes de 1ª instância, que ganharão muito poder com a medida. Estima-se que no Brasil 58.000 autoridades dos três poderes têm foro privilegiado, que os "protege" dos juízes de primeira instância. Em países que respeitam a lei e o combate a privilégios e à impunidade, como Estados Unidos e Reino Unido, não existe privilégio de foro. Na Europa, só Alemanha e Suécia preveem foro privilegiado para chefes de Estado. Chefe de governo (primeiro-ministro) não tem essa regalia. A proposta de Álvaro Dias (Pode-PR) já foi aprovada no Senado, e por unanimidade, mas os deputados federais relutam até em votar.

Câmara libera o assédio moral

Decisão da direção da Câmara abriu brecha para que funcionários dos gabinetes de deputados sejam coagidos a voltar ao trabalho presencial "mesmo antes de receberem imunização contra covid-19". A decisão libera a volta desde que o servidor, mesmo idosos, grávidas e lactantes, assine termo de responsabilidade assumindo o risco. Como são cargos sem estabilidade, quem não assina pode ser demitido. Questionada sobre a situação do pessoal do grupo de risco, a Câmara não respondeu. Inicialmente, a sugestão era de retorno de quem já completou o esquema vacinal e 21 dias após a aplicação da segunda dose ou da dose única. A brecha foi incluída em um parágrafo do Ato da Mesa 163/2021 para isentar Câmara e parlamentares de quaisquer responsabilidades. Os coagidos são normalmente comissionados que ganham salário baixo, não têm padrinhos políticos e podem ser substituídos facilmente.

Não é comigo

O presidente da Câmara, Arthur Lira, não se aprofundou sobre o voto impresso. Passou a bola para o Senado, que desde 2015 está sentado sobre uma PEC acerca do tema, já aprovada na Câmara.

Esquecimento

A indecorosa proposta de inflar o fundão eleitoral para R$ 5,7 bilhões vai passar por "debate" até que o orçamento de 2022 vire lei na Câmara. A definição se dará apenas no fim do ano. Depois vai para sanção.

Os "doentes"

O deputado Neri Geller (PP-MT) tem feito o diabo para ganhar apoio do Planalto para senador, mas agora terá de correr atrás dos eleitores. Em áudio vazado, ele chamou de "doentes" os bolsonaristas do seu Estado.

Vacina avança 

Com as 208 mil doses recebidas sábado (31), o governo do DF, que já aplicou 1,8 milhão de doses, começa a vacinar nesta terça (3) a faixa dos 30 anos de idade e menores de 12 aos 18 portadores de comorbidades.

Deu certo

Uma criação do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, vem sendo adotada país afora: o "Corujão da Vacinação", postos que aplicam imunizantes durante o período noturno.

Só para constar 

Aulas de educação física sumiram de escolas públicas no Brasil logo após a redemocratização. Achavam que tinham a ver com "militarismo". O desempenho sempre modesto do Brasil em competições esportivas mostra como aqueles beócios do MEC fizeram mal a várias gerações.

Frase

"Precisamos ter a diminuição partidária" - Presidente da Câmara, Arthur Lira, defendendo a redução do número de partidos.

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