O presidente eleito Lula (PT) vem demonstrando, em conversas reservadas, o temor da oposição que enfrentará, “muito dura”, inclusive se concordar em se reunir com governadores eleitos e reeleitos. O medo faz o petista continuar falando apenas a aliados, evitando aproximação com governadores que apoiaram o atual presidente, antes de sua posse em 1º de janeiro. Ao menos por enquanto ele não quer papo, nem cogita fazer gestos de aproximação com governadores eleitos ou reeleitos.
Tal e qual - Lula acha que seria tão criticado quanto Bolsonaro na reunião durante a pandemia quando governadores de oposição atacaram o presidente.
Temas a discutir - Os governadores têm uma lista alentada de temas a discutir com o futuro presidente, como o ICMS sobre combustíveis.
Nada a discutir - Lula criticou Bolsonaro pelas decisões que reduziram o preço dos combustíveis, agora se recusa a discutir o assunto com os governadores.
Receita afetada - Se as decisões de Bolsonaro derrubaram o preço dos combustíveis nas bombas, também afetaram a receita tributária dos Estados.
Entidade vê conluio de distribuidoras com Aneel - O setor de geração de energia solar fotovoltaica, que já investiu R$114,2 bilhões no Brasil sem um centavo de dinheiro público,andaimpaciente com os sinais de “quase conluio”entre a agência reguladora Aneel econcessionárias de energia, na visão de Rodrigo Susteras, dirigente da Absolar, a associação de empresas do setor. Concessionárias ou distribuidoras fazem tudo pararetardar projetosporque em 7 de janeiro entram em vigor regras que desestimulam investimento em energia solar.
Porque prejudicam - Quem protocolar projeto até o dia 7ficana regra que prevêdescontar na conta de luz cadakilowatt/hora que o cidadão gera e injeta na rede.
Pedágio do Sol - Depois do dia 7, parte da energia gerada pelo cidadão fica na rede como um “pedágio”, uma taxação do Sol, em benefício das distribuidoras.
Aneel nem aí - Susteras relatou à Rádio Bandeirantesque a Aneel não dá a mínima ao consumidor. E não aplica qualquer penalidade às distribuidoras.
Tutti buona gente - Levantamento preliminar mostra que há quase setenta investigados por crimes de corrupção e correlatos, na equipe de transição do governo. Gente que foi presa, sofreu buscas, cumpriu pena ou continua impune.
Jogada esperta - Lula usa uma velha jogada: mandou protocolar a PEC da Transição para “botar o bode na sala” e servir de roteiro nas tratativas com o Congresso. E nada impede que o texto venha a ser canibalizado nas negociações.
Briga de foice - Maurício Tomalsquim é o preferido de Lula para o Ministério de Minas e Energia, massofre rejeição no grupo de trabalho na Transição. O serpentário petista quer o senador Jean Paul Prates (PT-RN), proibido pela Lei das Estatais de assumir a presidência da Petrobras.
Processo deve ter - A expectativa em Brasília é que o ministro Nunes Marques acolha a representação de Bolsonaro contra Lula e Gleisi Hoffmann, por ataques à sua honra. Difícil mesmo será o tribunal condenar os acusados.
É só virar casaca - A solução para o futuro governo garantir R$175 bilhões/ano para bancar promessas de Lula deveria ser simples: copiar a fórmula do governo Bolsonaro e usar os dividendos de estatais e a receita com privatizações.
Está definido - A posse de Messod Azulay Neto e Paulo Sérgio Domingues como ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), dia 6, não completa a Corte. A vaga de Felix Fischer só será preenchida em 2023.
Gente ordinária - A Copa do Mundo consagra craques como Richarlison, pelos gols que fez, ou Neymar, pela falta que faz. E muita gente ordinária que, por razões ideológicas, comemora a contusão do nosso maior craque.
Fisiologismo, o retorno - A reunião da Transição com o MDB, até há pouco um “partido golpista”, confirma uma velha regra de Brasília: manda quem tem a caneta. E a cúpula desse partido, como todos os demais aliados, tem sede de tinta.
Pensando bem... pelo andar da carruagem, “nome técnico” na Esplanada, no futuro governo, será apenas coisa de futebol.
PODER SEM PUDOR
Encontro marcado - Nos anos 70, o economista Mangabeira Unger participou de um debate do MDB. Ele é brasileiro, mas após uma temporada nos EUA adquiriu sotaque mais carregado que de turista americano. Dias depois, o deputado Marcus Cunha, do MDB, recebeu um telefonema. O sotaque inconfundível de Unger solicitava um encontro no dia seguinte, no cafezinho da Câmara. Unger também receberia telefonema de um Marcus Cunha propondo encontro no mesmo lugar. Na hora marcada, cada um quis saber o motivo do convite. “Mas foi você que me convidou!”, espantou-se Unger. Cunha negou: “Não, você que me ligou!” Ali perto, saboreando um cafezinho, um deputado do Paraná se divertia com a cena. Era o brincalhão Maurício Fruet, exímio imitador de vozes.
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