A legislação brasileira exige o reconhecimento através de selo ou declaração de cadastro do produtor (foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)
A boa onda da alimentação saudável tem ajudado a popularizar os produtos orgânicos num País que é um dos campeões mundiais no uso de agrotóxicos. A estimativa de volume desses negócios para 2015 no Brasil é de 900 milhões de euros, segundo o Organics Brasil, um projeto da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Diante de tantas possibilidades, seja no mercado, seja em feirinhas, como saber se o item é realmente orgânico?
Primeiramente é preciso desmistificar que os orgânicos são muito caros. “O preço está muito vinculado ao local de compra”, comenta Renata Amaral, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). O consumidor acaba procurando esses itens apenas em supermercados, que, por terem atravessadores e uma maior infraestrutura, elevam os preços. Alimentos orgânicos são aqueles que não usam agrotóxicos, adubos químicos, hormônios, drogas veterinárias, antibióticos e transgênicos. E precisam ser reconhecidos e comprovados como tal.
A legislação brasileira exige o reconhecimento através de selo ou declaração de cadastro do produtor. A legislação é considerada plena. Mas, na visão de Renata, ainda faltam incentivos e programas de aperfeiçoamento. “O lobby das grandes empresas ainda é muito grande. Há, por exemplo, entraves para se conseguir financiamento nos bancos. Alguns produtores relatam que é preciso apresentar carta comprovando o uso de determinados tipos de agrotóxicos como garantia de que a produção não irá se perder”, detalha.
O Idec lançou, na semana passada, o novo Mapa de Feiras Orgânicas, para todo o País. O serviço é uma ferramenta de busca rápida. O consumidor pode procurar o local mais próximo, e os produtores podem cadastrar-se. Acesse no
feirasorganicas.idec.org.br.
Nos supermercados, o selo é parte obrigatória do rótulo. A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) aposta que os próximos anos serão fundamentais para a consolidação do mercado de orgânicos, impulsionado por grandes eventos, como as Olimpíadas, e principalmente pela maior conscientização do consumidor sobre importância de uma alimentação saudável para a conquista da qualidade de vida. As grandes redes varejistas têm ampliado anualmente a oferta de orgânicos, incluindo marcas próprias.
O Pão de Açúcar, por exemplo, conta com cerca de 650 itens cadastrados, entre frutas, verduras, legumes, cereais, massas, pães, geleias, biscoitos, sucos, carnes e iogurtes. As vendas da rede, dona da marca própria Taeq, crescem, em média, 30% ao ano. O Pão de Açúcar comenta que ainda existem dificuldades na produção de frutas e legumes orgânicos devido à disponibilidade de terras e pequenos produtores, que ainda estão em desenvolvimento.
Desde 2013, a estratégia do Walmart foi ampliar a lista de itens com apelo saudável. Considerando todos os produtos na macrocategoria Diet/Light/Naturais&Orgânicos, a rede aumentou o sortimento em cerca de 10%. Em 2014, em hortifruti, o crescimento da categoria de orgânicos foi três vezes maior do que das demais. Os sucos orgânicos integrais também tiveram destaque, com incremento anual de 50%.
Já nos hipermercados Carrefour, são mais de 200 opções de alimentos. Tomate, cenoura e alface são os mais vendidos. No portfólio de marca própria, a linha Viver possui 115 itens orgânicos.
PRODUTOS ORGÂNICOS (Fonte: Mapa)
O que são?
São alimentos que não usam agrotóxicos, adubos químicos, substâncias sintéticas, hormônios, drogas veterinárias, adubos químicos, antibióticos e transgênicos.
É possível encontrar orgânicos industrializados?
Sim. Mas é preciso respeitas algumas normas: o produto deve ser composto de no mínimo 95% de ingredientes orgânicos. Se a proporção for menor, é classificado como “produto com ingredientes orgânicos”, e essa porção tem que ser de, no mínimo, 70%.
Todo alimento cultivado sem agrotóxicos é orgânico?
Não. Na produção orgânica, o cultivo deve respeitar aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, garantindo um sistema agropecuário sustentável.
Frutos grandes e bonitos indicam uso de agrotóxico?
Não necessariamente. Atualmente os orgânicos chegam ao mercado com mais qualidade, não sendo necessariamente aquele produto feio ou de menor tamanho.
Como saber se o produto é realmente orgânico?
Conforme a legislação, o orgânico precisa vir acompanhado de selo brasileiro (pode vir nas cores preta e verde, preta e cinza e ainda preta ou branca) ou de declaração de cadastro do produtor orgânico familiar. Todo orgânico vendido em lojas, sites e mercados tem que apresentar o selo no rótulo, que sejam produzidos ou não no País. Apenas os vendidos direto nas feirinhas, onde o produtor é cadastrado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e está ligado a uma Organização de Controle Social (OCS), podem ser comercializados sem selo. Mas o consumidor pode pedir a Declaração de Cadastro do produtor para confirmar sua condição.
Quais são as certificadoras credenciadas no Mapa?
Atualmente são 8 certificadoras: Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), IBD Certificações, Ecocert Brasil Certificadora, Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Instituto Chão Vivo de Avaliação da Conformidade, Agricontrol (OIA) e IMO Control do Brasil. A fiscalização das propriedades produtoras de orgânicos é feita por essas empresas, que assumem a responsabilidade pelo uso do selo brasileiro. Cabe ao ministério fiscalizar o trabalho dessas certificadoras.
O que é Sistema Participativo de Garantia (SPG)?
São grupos formados por produtores, consumidores, técnicos e pesquisadores que se autocertificam. Precisam ser credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Esses produtos recebem o selo brasileiro.
FEIRAS E PONTOS AGROECOLÓGICOS DO RECIFE (Fonte: PCR)
Espaço Agroecológico das Graças
R. Andrade de Souza (atrás do Colégio São Luís)
Sábados, das 4h às 11h
Espaço Agroecológico de Boa Viagem
Av. Boa Viagem (1º Jardim)
Sábados, das 5h às 10h
Espaço Agroecológico do Sítio da Trindade
Est. do Arraial (Sítio da Trindade)
Sábados, das 5h às 11h
Feira de Produtos Orgânicos de Casa Forte
Praça da Vitória Régia (Casa Forte)
Sábados, das 5h às 11h
Ponto Orgânico da Gervásio Pires
R. Gervásio Pires (esquina da R. do Riachuelo, embaixo da Marquise de Ed. Valfrido Antunes)
Terças, das 4h às 9h
Feira Orgânica do Espinheiro
R. da Angustura/Conselheiro Portela (ao lado da Igreja Matriz do espinheiro
Sextas, das 6h às 12h
Feira Agroecológica Chico Mendes
Av. Visconde de Jequitinhonha (logo após a R. Barão de Souza Leão)
Sextas, das 5h às 10h
Feira Agroecológica da Juventude do Cordeiro
Av. Caxangá (Parque de Exposições do Cordeiro)
Sextas, das 5h às 11h
Feira Agroecológica do Recife Antigo
Praça Tiradentes (em frente ao Tribunal Regional)
Sextas, das 11h às 17h
Barraca Agroecológica da Aurora
R. da Aurora (em frente ao Ed. Alfredo Bandeira)
Quartas, das 10h30 às 13h