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Pernambucanos que receberam auxílio emergencial não priorizaram o pagamento de dívidas

Na média geral do Brasil, quitação de dívidas foi 10% maior entre quem recebeu auxílio emergencial. Em Pernambuco, a situação se inverteu. A mesma média é de -2,1%

Edilson Vieira
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Edilson Vieira
Publicado em 22/10/2020 às 19:33
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As taxas de juros irão variar entre 1,5% e 2,5% ao mês - FOTO: ABR

Um estudo realizado pela Blu365, empresa de recuperação de crédito de pessoas físicas, apontou um aumento nos acordos e quitação de dívidas entre os que receberam o auxílio emergencial do governo, que começou a ser pago em abril, com valor de R$ 600, e que foi estendido até o fim do ano, com as quatro últimas parcelas de R$ 300.

O levantamento, feito com mais de 15 milhões clientes no Brasil, mostra que o número de negociação e pagamento de dívidas foi 10% maior no grupo de pessoas que receberam o auxílio emergencial em comparação às que não receberam. A dívida média de quem recebeu a ajuda é de R$ 476, enquanto a dívida média daqueles que não receberam é de R$ 510 (7.5% maior).

Em Pernambuco, no entanto, houve uma redução no interesse em limpar o nome por parte das pessoas que receberam o dinheiro extra do auxílio. Segundo o estudo, essa diminuição foi de 2,1% no estado, ou seja, as pessoas que receberam auxílio realizaram em termos comparativos 2,1% menos acordos que aquelas que não receberam.

MOTIVOS

João Henrique Netto, líder de ciência de dados da Blu365 e responsável pelo levantamento, revelou que a empresa renegocia cerca de 150 mil dívidas por mês e, a taxa de quem busca renegociação é 10% maior entre os que contam com o auxílio emergencial. “Para cada 100 endividados sem auxilio emergencial, existem 110 com o auxílio que buscaram pagar a dívida”, exemplificou João Henrique. Mas em Pernambuco houve uma inversão.

“Geralmente quem recebe a ajuda do governo são as pessoas mais fragilizadas, e vimos que boa parte delas aproveitaram muito para ficar em dia com suas contas. Em Pernambuco foi o inverso. Quem recebeu o auxílio provavelmente utilizou para pagar contas do dia a dia ou gastar com outras coisas”, diz o especialista.

Para João Henrique, um dos motivos que leva ao desinteresse por negociar contas em atraso é a desinformação. “Muita gente imagina que uma dívida de valor relativamente elevado vai permanecer assim ou até aumentar absurdamente, quando, na verdade, dívidas em atraso sempre geram descontos. Uma dívida de R$ 500 que está atrasada há um ano pode ter descontos de 30%, 40% ou até 80% do valor, dependendo da negociação”.

João Henrique alertou ainda para a importância de que as pessoas se conscientizem de que ter uma divida atrasada não significa nunca conseguir fazer frente às dívidas. As renegociações podem ter soluções muito favoráveis”, assegurou.

DADOS

Cruzando dados de sua base de clientes cadastrados com informações públicas, a Blu365 fez uma espécie de mapeamento dos consumidores pernambucanos que possuem alguma dívida:

39,0% da base recebeu o auxílio emergencial.

Das pessoas que receberam o auxílio, 49,2% são beneficiários do bolsa-família.

Na base completa, o percentual de mulheres que receberam auxílio foi de 72,1%, enquanto 27,4% foram homens e 0,5 % não identificado.

A idade média de quem solicitou o auxílio emergencial é de 43 anos, enquanto a idade média de quem não solicitou o auxílio é de 48,4 anos.

Para a faixa de 18 a 24 anos, o número de pessoas que pediram auxílio foi 102,8% maior que o número de pessoas que não pediram.

Para a faixa de 24 a 39 anos, o número de pessoas que pediram auxílio foi 34,4% maior que o número de pessoas que não pediram.

Para a faixa de 40 a 59 anos, o número de pessoas que pediram auxílio foi 4,2% maior que o número de pessoas que não pediram.

Para a faixa acima de 60 anos, o número de pessoas que pediram auxílio foi 146% menor que o número de pessoas que não pediram.

A cidade com mais clientes que receberam auxílio emergencial (em termos relativos, como percentual da população da cidade) foi Caruaru.

As cidades com menos clientes que receberam auxílio emergencial (em termos relativos, como percentual da população da cidade) foram Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes.

Em relação a faixa de renda das pessoas que receberam o auxílio:

82,0% têm renda estimada de até 2 salários mínimos;
7,6% têm renda estimada entre 2 e 4 salários mínimos;
4,5% têm renda estimada entre 4 e 10 salários mínimos;
5,8% têm renda estimada acima de 10 salários mínimos.
Sem informação sobre renda estimada para 0,1% dos clientes.

Fonte: Blu365

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