Falta pouco mais de uma semana para a Black Friday, uma das três principais datas do varejo no Brasil, ao lado do Natal e Dia das Mães. Este ano, a sexta feira de descontos acontece no próximo dia 27 mas, na prática, muitas lojas já oferecem descontos na tentativa de antecipar as vendas. Para quem quer fazer realmente um bom negócio é importante, planejamento, pesquisa, conhecimento sobre seus direitos de consumidor e ficar atento a possíveis golpes.

A maioria das vendas da Black Friday acontecem por meio digital, tendência que deve se acentuar este ano. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, ABComm, a Black Friday 2020 deve apresentar um crescimento de 77% nas vendas em relação a 2019, atingindo a marca de R$6,9 bilhões entre o período de 18 a 30 de novembro. Para fazer bons negócios, os especialistas recomendam dois conselhos básicos, não comprar por impulso e ficar atento a possíveis golpes nas vendas online, principal canal de vendas escolhido pelos consumidores.

GOLPES

Ana Paula Jardim, presidente do Procon Recife, alerta. “As quadrilhas estão falsificando sites, inclusive de empresas conhecidas, com a intenção de enganar o consumidor”. Entre as orientações do Procon, está a de pesquisar sobre a empresa de onde se pretende comprar, consultando nos sites de reclamações se há denúncias recorrentes contra a loja. Um caminho é pesquisar a reputação do fornecedor nos comentários do Google e no Reclame Aqui (www.reclameaqui.com.br).

É importante também pesquisar antecipadamente o preço do produto em várias lojas, para se ter o valor médio e não correr o risco de cair numa promoção enganosa, a reclamação mais comum, em se tratando de Black Friday. “As empresas são livres para precificar os produtos. Mas, se elas anunciam agora uma mercadoria por um determinado valor, depois aumentam o preço para, pouco antes da Black Friday oferecerem um desconto retornando ao valor anterior, isso pode configurar propaganda enganosa e cabe uma reclamação junto aos órgãos de defesa do consumidor”, afirmou Ana Paula Jardim.

A advogada Ana Flávia Gonçalves, especialista em proteção de dados, reforça os cuidados com sites falsos que têm o único objetivo de coletar informações pessoais do consumidor, como numeração de documentos ou dados bancários. A principal “isca” desses sites para pegar compradores desavisados são promoções absurdamente vantajosas divulgadas nas redes sociais. “Não clique em links dentro das mensagens, digite o endereço da loja no buscador e vá para o site oficial, confirmar se aquela promoção realmente existe”. Outras dicas importantes da advogada têm relação com a forma de pagamento. “Evite usar boletos, são fáceis de falsificar. Se possível, prefira o cartão de crédito online. Algumas operadoras geram números virtuais de cartões de crédito que servem apenas para uma compra, é uma ótima forma de garantir que seus dados não serão armazenados pela loja”, recomenda Ana Flávia.

PLANEJAMENTO

Para o economista João Rogério Alves Filho, para se ter vantagens reais neste dia de promoção, o consumidor não deve observar apenas o preço dos produtos. “Este não é o momento para compras por impulso. O endividamento das famílias é um problema real e crescente. O apelo do consumo pode fazer com que se compre aquilo que não é necessário”, aconselha o economista. João Rogério lembra ainda que é possível utilizar o momento econômico do País a seu favor.

Com as taxas de juros primárias em queda, uma compra parcelada em 10 vezes pode não ser interessante se o desconto para pagamento a vista for, por exemplo, de 5%. “Parece uma redução irrisória, mas quando se pensa que a remuneração da Renda Fixa está em torno de 2% ao ano, é mais negócio comprar à vista algo de que se necessita do que deixar o dinheiro aplicado”. A venda à prazo, diz o economista, é interessante apenas se não tiver juros em relação ao preço à vista. “A venda à prazo é sempre mais barata, digamos assim, mas ela exige um planejamento financeiro, um compromisso de pagamento, para que não se transforme em dívida”, orienta João Rogério.

OPORTUNIDADES

Compra racional, inclusive na Black Friday, é o que pratica a odontóloga Priscila Albuquerque. “Não sou do tipo de pessoa que passa o ano com a lista de compras pronta esperando a data chegar. Mas, no geral, a Black Friday traz boas oportunidades. Eu dou uma circulada no shopping, nas lojas onde eu geralmente compro e conheço os preços, para ver se tem alguma oferta boa. E geralmente tem”. Priscila lembra ainda que, para quem não tem pressa, logo após o Natal começa outro período interessante de vendas, as promoções de janeiro. “No início do ano é bom para comprar roupas, porque as lojas estão fazendo a troca de coleções”, ensina Priscila.

O analista de sistemas Marcos André Santos é daqueles que não perdem uma Black Friday. Ele conta que, mesmo que não tendo nada programado, sempre dá uma olhada nas ofertas e acaba comprando algo. “Já comprei livros, jogos de tabuleiro e de videogames que não tinha planejado comprar”, admite. Este ano Marcos tem um objetivo, comprar uma nova versão de um videogame. “Por ser um lançamento é um aparelho caro, mas já identifiquei um desconto de R$ 100 em relação ao início do mês. Se o preço não cair mais vou em busca de outras vantagens como entrega com frete grátis”, diz determinado.

Confira as dicas do Procon Recife:

Produtos expostos nas vitrines devem apresentar o preço à vista. No caso de vendas a prazo, devem exibir o número de parcelas, taxas de juros, e valor total ao fim do parcelamento.

As lojas não são obrigadas a trocar produtos que não apresentaram defeitos. Mas, no caso de roupas e calçados geralmente a troca é feita por cortesia da loja.

Nas compras online, nunca forneça dados pessoais e senhas de cartão para atendentes por telefone ou chats. Evite clicar em links de páginas enviados por Whatsapp, redes sociais, SMS ou e-mail.

Baixe aplicativos apenas das lojas e shoppings oficiais e não preencha formulários que não estejam nos sites oficiais.

Confira se o site é confiável. Antes do endereço eletrônico deve aparecer um cadeado. Somente assim, prossiga com a compra.

Evite compras que só aceitam pagamentos em boleto bancário. De preferência, utilize como meio de pagamento o cartão de crédito, pois caso haja algum problema é mais fácil fazer o estorno.

Procure no site informações básicas sobre o fornecedor como CNPJ/CPF, endereços físicos, telefone e demais informações que possibilitem contato e localização.

Guarde todos os registros de sua compra, como e-mails de confirmação, códigos de localização e de realização da compra.

Observe o prazo de entrega e informe-se antecipadamente sobre a política de troca de mercadorias pela empresa.

Leve em conta o valor do frete. Se for muito alto, o preço promocional pode não valer a pena.

Nas vendas online o consumidor tem sete dias para cancelar a compra, devolver o produto e pedir o dinheiro de volta. O prazo passa a contar da data da entrega do produto.

Fonte: Procon Recife