Confiança do empresário do comércio pernambucano volta a cair. Economista diz o que pode reverter o cenário

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) medido pela Confederação Nacional do Comércio mostra que empresários continuam insatisfeitos com o movimento do setor

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Edilson Vieira

Publicado em 21/05/2021 às 20:01
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O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), que tem como objetivo detectar as tendências em ações de curto e médio prazos no setor, com base na opinião dos tomadores de decisão das empresas do varejo, voltou a cair fortemente em Pernambuco no mês de maio, segundo os dados da Confederação Nacional do Comércio, analisados pela Federação do Comércio, Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE).

Segundo o estudo, após a retração de 11,5 pontos entre março e abril, o ICEC recuou 10,6 pontos entre abril e maio, o que significou uma variação de 11,7% no índice. Dessa forma, com 80,2 pontos em maio, o ICEC manteve-se na zona de avaliação negativa, ou seja, de insatisfação, por parte dos empresários do comércio pernambucano em relação ao ambiente de negócios nos próximos meses.

Quando o índice se encontra acima de 100 pontos, significa que o setor está confiante quanto ao ambiente de negócios, seja por conta de boas expectativas sobre a economia e o volume de vendas nos próximos meses, seja por conta do próprio planejamento financeiro das empresas e sua capacidade de investimentos em infraestrutura, estoque e mão de obra.

SOLUÇÃO

O economista da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva, já esperava esse impacto em abril porque a situação da pandemia em Pernambuco continua complicada. "O pessoal do comércio está atento em relação às ações do governo no combate a pandemia. As notícias do avanço das infecções e óbitos no estado e a pouca oferta das vacinas, tudo isso colaborou para a descrença na situação atual dos negócios e as perspectivas a curto prazo".Para Ademilson, o aumento da inflação, a conjuntura econômica e o endividamento das famílias também colaboram para o cenário negativo.

Para o economista, a luta dos empresários para uma maior flexibilização das restrições impostas pelo governo faz sentido, mas o que vai fazer diferença mesmo na atividade econômica é a queda no número de infecções, internamentos e mortes, e isso só se consegue com o aumento da vacinação. "Neste momento as vacinas são o principal indicador de que as coisas podem voltar a normalidade", diz o economista.

NÚMEROS

Quando se observa os resultados da pesquisa segundo o porte das empresas, a queda foi maior entre as microempresas e empresas de pequeno porte, que compreende aquelas com até 50 funcionários, sob a ótica do emprego formal. Neste universo, o índice caiu de 90 para 79,3 pontos, enquanto que a variação de 125,6 para 119,6 pontos ocorreu entre as empresas com mais de 50 funcionários.

Os resultados de maio também voltam a evidenciar um descolamento maior entre a percepção sobre as condições atuais do negócio e as expectativas sobre a economia e o comércio. Em fevereiro, o índice das condições atuais registrou 82,9 pontos, enquanto o índice das expectativas para o setor alcançou 133,6 pontos (diferença de 50,7). Em maio, esses índices foram de 50 e 112,8 pontos, respectivamente (diferença de 62,8).

Além de os índices estarem em patamares bem mais baixos que no início do ano, a percepção sobre a situação atual do ambiente de negócios se deteriorou substancialmente em quatro meses. Com efeito, o percentual de empresários que enxergam uma situação muito pior sobre a economia brasileira saltou de 32,3% em fevereiro para 55,1% em maio. Já o percentual dos que vislumbram uma situação muito pior no setor de comércio aumentou de 21,4% em fevereiro para 41,5% em maio, de acordo com a análise da Fecomércio-PE.

AUXÍLIO

Embora o programa de auxílio emergencial às famílias tenho sido retomado no início de abril, a perspectiva para o comércio como um todo é de que seu impacto será bem menor em 2021. O programa de apoio às micro e pequenas empresas (Pronampe), por sua vez, foi reeditado, com juros maiores e sem o suporte do fundo garantidor de operações (FGO), que imprimia maior segurança aos bancos durante as contratações de crédito em 2020. Além disso, apesar de ser positiva a reedição dos programas de socorro financeiro às empresas e de manutenção dos empregos, a sua retomada está atrasada, dependendo ainda de consenso entre presidência e Ministério da Economia para sanção. Foi essa a conjuntura derrubou a confiança do empresário pernambucano em maio, conclui o estudo.

 

 

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