Bares e restaurantes estão segurando preços para atrair a clientela de volta, diz Abrasel
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes afirma que o setor não está repassando todos os aumentos dos insumos para o consumidor final
A diferença de custo entre a alimentação dentro e fora do lar continua ficando menor, é o que afirma a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PE), baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em março, a inflação dentro do lar nos últimos 12 meses, segundo o IBGE, foi de 13,73%, enquanto na alimentação fora do lar foi de 6,22%. Já em abril, a inflação dentro do lar nos últimos 12 meses foi de 16,12% enquanto a alimentação fora do lar foi de 6,63%.
A pesquisa, afirma a Abrasel, mostrou uma continuidade do descolamento do preço praticado em bares e restaurantes em relação ao aumento da inflação, diminuindo a margem dos estabelecimentos. Quando analisada a inflação dos alimentos e bebidas, que são os principais insumos para os bares e restaurantes, a diferença também aparece. Os produtos aumentaram 13,47% no acumulado de 12 meses. No último mês, alimentos subiram 2,06%, mas os estabelecimentos do setor seguraram o repasse deste aumento nos produtos mais uma vez, divulgou a Abrasel.
TENTATIVA
A média da inflação na alimentação fora do lar foi de 0,62%. Entretanto, algumas capitais apresentaram até mesmo deflação no setor no último mês, ou seja: os bares e restaurantes chegaram a baixar os preços dos cardápios. As deflações aconteceram em Brasília (-0,10%), Fortaleza (-0,32%) e Rio de Janeiro (-0,38%).
Segundo o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, esta é uma tentativa do empresário de bares e restaurantes para atrair de volta os clientes “seja segurando o repasse e até mesmo baixando os preços”, diz. “Se por um lado isso torna mais vantajoso para o consumidor comer fora de casa, em termos relativos, por outro diminui as margens de um setor que ainda está buscando uma recuperação. O caso da cerveja é exemplar, nos supermercados o preço para o consumidor subiu 9% nos últimos doze meses, enquanto nos bares foi menos da metade disso”, continua.
Para Solmucci, os dados revelados pelo IPCA mostram que o setor precisa de uma política pública específica de ajuda, pois não vem de hoje essa perda de margem dos estabelecimentos.
Em Pernambuco, como os bares e restaurantes estão se posicionando?
O presidente da Abrasel em Pernambuco (Abrasel-PE), Tony Sousa, alega que, como o poder de compra dos consumidores não acompanhou o reajuste dos insumos, os empresários do setor temem que repassando os mesmos percentuais o cliente não tenha condições de consumir. "Muitos estão preferindo abrir mão da sua lucratividade e manter o hábito do cliente do que querer ter mais lucro e perder o cliente. Uma das pesquisas da Abrasel mostrou que 31% dos empresários estavam operando com prejuízo apesar de ter mantido o faturamento", diz.
Tony Sousa aposta numa possível estabilização do mercado, com a queda no preço de alguns insumos nos próximos meses. "Nossos principais insumos são as proteínas. Algumas subiram mais de 300%, e o poder de compra, a atualização dos salários, ficou em 10% a 15%. Essa conta não tem como fechar. Acreditamos que o preço das proteínas tendem a cair por questão natural do mercado, de oferta e procura".
O presidente da Abrasel-PE cita o caso da carne, com entressafra até fevereiro, e queda no preço a partir de março e abril. O mesmo com os pescados, que após a Páscoa tendem a ficar mais baratos. "Quando a gente entra num momento de maior oferta e redução no preço por parte dos fornecedores, a gente consegue recompor a lucratividade sem precisar que se mexa nos preços para a clientela", conclui Tony Sousa.